Havia
eu feito um pão com hambúrguer e maionese para que não me sentisse mais fraco
do que já estava. Não posso cair de fome na rua. Comi e saí.
As pessoas estavam pacatas e sofridas
andando nas ruas. Um dia frio, eu também, aliviado de opressão.
Chuviscava fraco. Não me importava se
estava sem guarda-chuva. Se chovesse mais forte iria me ferrar, no entanto.
Fui ao banco depositar dinheiro, fiquei um
pouco mais rico.
Parara de chuviscar, e o tempo se clareava
aos poucos.
Ir então para o mercadinho comprar o
necessário, não ia ter vida somente comendo pão com hambúrguer e bebendo água.
Sou um homem pobre, trabalho como escritor
freelancer pela internet, mas recebo uma grana viva por passear com cachorros
de vizinhos.
Ontem foi um dia ruim, até ser livre da
opressão que me afligia. Isso depois de ter feito uma auto-hipnose pela
internet sem nem ao menos saber meditar. Errei, primeiro é necessário saber se
concentrar e atender aos comandos que o hipnólogo faz, acertaria se praticasse
antes meditação guiada. Mas a questão é que estava procurando isso para me
livrar de um trauma de infância de quando eu sofria bullying no fundamental. Pré-disposto
surtei por três dias em segredo, provavelmente esquizofrenia leve, mas não me
diagnostiquei, não fui ao médico. Sabia que estava mau e atormentado, mas soube
deixar em oculto, ficando depois mais dois dias oprimido.
Mas graças a Deus estou de volta a realidade,
e ela precisa ser encarada.
Cheguei ao pequeno mercado e comprei o
necessário.
Saí, e o dia estava mais belo. O sol,
lindo.
Senhoras e senhores davam amistosos bom dias.
Criança e mãe sorriem. Filho e pai conversam. Amigos riam.
E eu fui para o meu cafofo.
11:00, hora que eu terei que passear com o
dogue alemão de um vizinho, então eu começo a me alimentar direito com frutas. Havia
deixado o cara na mão quando eu tava pior, não sei se vai ficar cricri.
Alimentado, escovo os dentes, visto uma
bermuda, uma camisa regata, uso um boné preto e fecho a minha pequena casa.
Chego ao vizinho que mora do outro lado da
esquina. Seu nome é Reynolds.
– O que aconteceu Pedro? Ficou dois dias
sem pegar meu cachorro.
– Cara, se eu contar, vai querer me
internar, mas já to de volta.
– Endoidou?
– Sim. Por um tempo fiquei fora da
realidade ao mesmo tempo que não tive coragem de sair de casa.
– Poxa cara. Mas cê ta bem agora?
– To bem. Cadê seu animal?
– Ta lá. Pera aí. Vou por a coleira.
Espero.
Talvez pareça para você que sou um homem
confiante, mas sabe a maioria das vezes me sinto como uma criança indefesa, não
sei, parece que às vezes eu tenho um arcanjo dentro de mim, noutras horas há um
espírito frágil em mim temendo dêmonios.
Minha amiga Teresa me indicou auto-hipnose
que poderia resolver isso, mas antes ela disse que precisava se acostumar com meditação
guiada. Eu fui inocente ao pesquisar por “meditação traumas” no youtube e me
dei mal, não me informava que era auto-hipnose e era. Ouvi esse que no começo
me fez sentir bem, mas depois me senti mal.
O cachorro vem, está jovem ainda.
Passeio uma hora com ele. Aí o deixo com o
cara.
Vou pra casa ver se tem freelance pra
fazer.
Têm, uns sete, rende um bom dinheirinho.
Depois: meditação guiada.
Agora assim, começa a dar certo. Dez dias
de meditação guiada para então me introduzir a auto-hipnose.
Presentemente, estou liberto do trauma. “E
o arcanjo, então mais forte, não dá lugar a nenhum outro espírito.” Estou mais
confiante de mim.
É uma nova vida agora. Posso ir além,
sempre acreditei, mas precisava cuidar dessa questão. Posso ter emprego fixo
sabendo lidar melhor com as pessoas e situações agora.
Atualmente, sou um homem bem mais positivo, e
livre.
Lucas Pestana
Facebook e Instagram: @lucaspestana702
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