domingo, 29 de abril de 2018

Evanescente



      Enquanto sorria para seu namorado, inúmeros vagalumes apareciam. Olhou para eles ao redor. Risos.
      A lua em colosso num céu estrelado e sem nuvens se movia e pintava a amplidão de verde amarelo, deixando as estrelas lá. Teus olhos e os dele contemplavam tudo aquilo.
      Ouviam música alto astral por enquanto.
      Beijam-se, e o entusiasmo nela é sentido.
      A enorme lua agora apaga o verde amarelo e deixa o céu como estava: escuro, mas a noite era brilhante pelo volume do luar.
      Nesse momento, a música que se toca é ‘My Immortal’ de Evanescence.
      Ele estava com ela, e ele então era a dor dela. Nesse sonho que refletia um começo feliz e um meio efêmero de sofrimento de uma realidade passada.
      Nesse meio ele chora, e ela enxuga suas lágrimas. Ele grita, e ela o abraça forte. Desapertam-se, ela segura sua mão. Ele brilha, ela o beija. Olham-se e ela chora, essa dor é muito real.
      Real, e o momento: surreal.
      Ela acorda, rememora.
      O seu espectro está lá, esmorecido porque ela também está; triste porque está e não está; prostrado, pois a tem e não tem. Mas sua presença ainda permanece ali.

Lucas Pestana

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quarta-feira, 25 de abril de 2018

Um Arcanjo em Meu Ser


Havia eu feito um pão com hambúrguer e maionese para que não me sentisse mais fraco do que já estava. Não posso cair de fome na rua. Comi e saí.
      As pessoas estavam pacatas e sofridas andando nas ruas. Um dia frio, eu também, aliviado de opressão.
      Chuviscava fraco. Não me importava se estava sem guarda-chuva. Se chovesse mais forte iria me ferrar, no entanto.
      Fui ao banco depositar dinheiro, fiquei um pouco mais rico.
      Parara de chuviscar, e o tempo se clareava aos poucos.
      Ir então para o mercadinho comprar o necessário, não ia ter vida somente comendo pão com hambúrguer e bebendo água.
      Sou um homem pobre, trabalho como escritor freelancer pela internet, mas recebo uma grana viva por passear com cachorros de vizinhos.
      Ontem foi um dia ruim, até ser livre da opressão que me afligia. Isso depois de ter feito uma auto-hipnose pela internet sem nem ao menos saber meditar. Errei, primeiro é necessário saber se concentrar e atender aos comandos que o hipnólogo faz, acertaria se praticasse antes meditação guiada. Mas a questão é que estava procurando isso para me livrar de um trauma de infância de quando eu sofria bullying no fundamental. Pré-disposto surtei por três dias em segredo, provavelmente esquizofrenia leve, mas não me diagnostiquei, não fui ao médico. Sabia que estava mau e atormentado, mas soube deixar em oculto, ficando depois mais dois dias oprimido.
      Mas graças a Deus estou de volta a realidade, e ela precisa ser encarada.
      Cheguei ao pequeno mercado e comprei o necessário.
      Saí, e o dia estava mais belo. O sol, lindo.
      Senhoras e senhores davam amistosos bom dias. Criança e mãe sorriem. Filho e pai conversam. Amigos riam.
      E eu fui para o meu cafofo.
      11:00, hora que eu terei que passear com o dogue alemão de um vizinho, então eu começo a me alimentar direito com frutas. Havia deixado o cara na mão quando eu tava pior, não sei se vai ficar cricri.
      Alimentado, escovo os dentes, visto uma bermuda, uma camisa regata, uso um boné preto e fecho a minha pequena casa.
      Chego ao vizinho que mora do outro lado da esquina. Seu nome é Reynolds.
      – O que aconteceu Pedro? Ficou dois dias sem pegar meu cachorro.
      – Cara, se eu contar, vai querer me internar, mas já to de volta.
      – Endoidou?
      – Sim. Por um tempo fiquei fora da realidade ao mesmo tempo que não tive coragem de sair de casa.
      – Poxa cara. Mas cê ta bem agora?
      – To bem. Cadê seu animal?
      – Ta lá. Pera aí. Vou por a coleira.
      Espero.
      Talvez pareça para você que sou um homem confiante, mas sabe a maioria das vezes me sinto como uma criança indefesa, não sei, parece que às vezes eu tenho um arcanjo dentro de mim, noutras horas há um espírito frágil em mim temendo dêmonios.
      Minha amiga Teresa me indicou auto-hipnose que poderia resolver isso, mas antes ela disse que precisava se acostumar com meditação guiada. Eu fui inocente ao pesquisar por “meditação traumas” no youtube e me dei mal, não me informava que era auto-hipnose e era. Ouvi esse que no começo me fez sentir bem, mas depois me senti mal.
      O cachorro vem, está jovem ainda.
      Passeio uma hora com ele. Aí o deixo com o cara.
      Vou pra casa ver se tem freelance pra fazer.
      Têm, uns sete, rende um bom dinheirinho.
      Depois: meditação guiada.
      Agora assim, começa a dar certo. Dez dias de meditação guiada para então me introduzir a auto-hipnose.
      Presentemente, estou liberto do trauma. “E o arcanjo, então mais forte, não dá lugar a nenhum outro espírito.” Estou mais confiante de mim.
      É uma nova vida agora. Posso ir além, sempre acreditei, mas precisava cuidar dessa questão. Posso ter emprego fixo sabendo lidar melhor com as pessoas e situações agora.
      Atualmente, sou um homem bem mais positivo, e livre.

Lucas Pestana

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domingo, 8 de abril de 2018

Dom Elementar


Peguei dinheiro para sair de casa. Saí.
      Uma esmola para o necessitado na calçada.
      O povo nas ruas: alegres, indiferentes e tristes.
      Eu? Feliz.
      Sucesso profissional como cantor, com uma fama média que me deixa andar tranquilamente ao ar livre. Estava bem para me sustentar e me confortar em meu belo apê.
      Mas eu gostava além de cantar músicas reflexivas e positivas que já era uma ajuda a pessoas de todas as classes, era de ajudar pessoas carentes.
      Dava dez reais a cada morador de rua, até para aqueles que acabam comprando drogas e bebida forte, porque, afinal, não sabia bem se o individuo ia ou não fazer bom uso desse dinheiro, então eu dou com a caridade que Deus me dera no coração. No entanto, quando eu suspeito e quando dá saber que a pessoa é usuária de drogas ou bêbada eu tento conscientizá-la, e falo de Deus pra ela.
      Mas não fica somente em esmolas. Faço as minhas doações na igreja e em entidades filantrópicas.
      Essa é a caridade que Deus me dera. Doar me faz bem, animar pessoas me faz bem, orar por elas também. Fazer o bem me faz bem. E eu amo essas pessoas, toda a humanidade, irmãos filhos de Noé.
      Nos tornemos melhores, e que Deus nos sustente e nos abençoe sempre.

Lucas Pestana

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