segunda-feira, 31 de julho de 2017

Uma Flor do Jardim Eterno

Num dia ensolarado, a luz do sol batia como um dia santificado no quarto de Isaque, enquanto ele conseguia sua meta de chegar a trinta flexões peitorais. Quando atingira o objetivo, e seu recorde, sentou na cama e se achou, com um sorriso suavemente gabado. Ele então se deita na cama, somente para pensar em várias coisas da vida.
              Mas o inferno de seu padrasto começara o sismo na casa, e já não era mais um dia lindo, muito menos santo. Ele brigava com sua esposa, mãe de Isaque. O jovem ainda não confiava na força que tinha para enfrenta-lo, e desenhara na sulfite torturas contra o desgraçado.
              Com um olhar maligno na manhã seguinte, ao acordar com o padrasto rindo diabolicamente dele no sonho depois de desarmá-lo de uma nove milímetros, ele vai para o colégio, e sem querer tromba em dois caras do segundo colegial, e então começara uma confusão. Primeiro ele leva umas, mas enfurecido consegue derrubar os dois, que pareciam ser mais fortes que ele. Todos admiraram sua força, e isso o convence de que está mais forte e poderia até enfrentar seu padrasto.
              Chegando, o inferno parecia ser constante e eterno naquela casa. Sendo que ao ver o velho apertar o abraço de sua mãe, ele não se segurou e confiou na força do seu braço e socou a cara do padrasto dizendo:
– É melhor você começar a parar com isso, seu desgraçado.
No entanto, o padrasto retribuiu dez vezes aquele soco com uma surra. E o ódio aumentou ainda mais no cara.
Ao se deitar na cama com o corpo dorido, seu rancor era aliviado quando se lembrava de tempos felizes em que o padrasto não estava presente, quando seu pai ainda era vivo, quando sua mãe era tão feliz, quando ele tinha o brilho, mas recordara-se de quando o pai morreu, e dois anos depois sua mãe conhece alguém, que esperou uma aliança de casamento para desgraçar as suas vidas. Todas as noites, Isaque maquinava a morte dele, dessa vez estava muito pesado o ódio, e depois da insônia ele teve um sonho.
Uma mulher vestida em santidade indaga a ele:
– Abel, porque queres ser como Caim?
– Como? Abel? Quem é você?
– Sou Eva, meu filho, e você é reencarnação do meu segundo filho Abel. Precisei vir aqui intervir, pois nessa vida e pela fase em que está passando, você está quase cometendo um erro gravíssimo, não deves cometê-lo, precisa se dominar. Todavia, para melhor te ajudar, lhe trouxe a mais linda flor que existe no universo, ela é eterna, e só você poderá vê-la e tocá-la. Ao sentir seu perfume, ela te dará pensamentos puros e bonitos e limpará sua mente e seu coração do mal por um tempo.
Bom, dois dias foram de paz naquela casa, e Isaque estava viciado em sentir o perfume da flor e curtir o efeito benéfico que ela trazia.
Mas depois, o padrasto começara a brigar com a mãe do cara, e o enteado olhara com raiva pra ele, e o velho responde o olhar:
– Não vai querer me enfrentar de novo, né, moleque?
Isaque recorre ao paraíso que tinha com aquela flor.
E ela sugere um pensamento de que ele deveria orar pelo padrasto para ele mudar e se tornar uma pessoa melhor e amável, pois ele se inclinou muito ao seu lado obscuro. Isaque aceita a ideia e ora em silêncio.
E então, quarenta dias ele combatia o seu ódio, facilmente pelo contato da flor. Quarenta dias também combatendo o mal de seu padrasto esforçadamente em orações ao Eterno. E a cada dia melhorava um pouco.
No último dia, já faltavam bem poucos por cento para a mudança ser completa, e a meia-noite para concluir, a flor colocou um pensamento de que ele teria que dar um abraço perdoador em seu padrasto.
E o jovem Isaque com boa vontade e um pouco de timidez chega nele, abraça e diz:
– Quero que comece a cuidar bem da minha rainha, está bem?
O padrasto em lágrimas:
– Está bem, meu filho. Perdoa-me?
– Já te perdoei.
Isaque então vai para seu quarto e vê o espírito de seu pai que diz:
– Muito bem, meu filho. Vocês estão com um homem melhor agora. Agora você terá que lutar contra o seu mal sem ajuda dela – se referindo à flor -, está bem?
– Como farei isso pai?
– Você vai saber escolher o seu lado de luz, eu sei. Agora, me deixa levá-la – a flor – Em breve encontrará uma para a vida toda.
– Fique pai.
– Estarei contigo às vezes.

E o espírito de seu pai saíra de sua presença e Isaque começara a chorar, deitando-se e dormira com o conforto que um tempo depois Deus lhe dera.

Lucas Pestana

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segunda-feira, 3 de julho de 2017

O Observador de Sonhos


Gabriel brincava sozinho no playground do quintal da sua casa de classe média alta. Mas estava um saco, tentar se divertir sem nenhum amigo ou irmão, e acabava sentado no escorregador imaginando como seria ter um irmão da mesma idade que ele, oito anos.
Ele sempre contava a seus pais que ele queria ter tido um irmão gêmeo ou um irmão com quase a mesma idade que ele para ter aquela sintonia de maturidade mais próxima da dele. Seus pais, já estavam pensando sobre isso, e até gostavam da ideia, mas para não criar expectativas no filho, falavam que ia chamar um coleguinha da escola para brincar com ele, no entanto essa alegria se tornava momentânea para o pequeno Gabriel.
Certo dia, os seus pais o surpreendeu quando Gabriel estava na sala assistindo Cartoon Network. A sua mãe disse:
– Meu pequeno mensageiro! Dê boas vindas ao novo anjo da família, seu nome é Rafael!
– Nossa mãe! Que legal!
E os recém-irmãos se abraçam puramente.
A mãe continua:
– Ele vai curar a sua solidão fraterna.
– Obrigado papai e mamãe!
– Venha conhecer a casa – convida Gabriel.
Os dois se conheceram, brincaram, entenderam-se compativelmente, e se harmonizaram para sempre como irmãos e amigos.
Na hora de dormir, eles se abraçaram e Gabriel pedira para Deus abençoar a noite de Rafa, e isso foi recíproco.
Quando acordaram, Rafael contara sobre os sonhos que teve, e Gabriel triste dissera que nunca se lembrava de seus sonhos. Rafa achava uma pena, porque sonhar é fantástico! E lembrar é interessante.
No outro dia, eles brincaram, mas Gabriel sentira um pouco de inveja de seu maninho adotivo por não ter essa capacidade memorativa. E o brilho nas brincadeiras não foi o mesmo do dia passado.
Chegara à noite, e eles foram dormir. Rafa percebera que Gabi estava diferente, mas falara pra Deus o abençoar, Gabi disse o mesmo só que um tanto mais murcho.
Rafael sonhara com um deus chamado Morfeu que pedira para ele dar um beijo na testa de Gabriel enquanto ele dormia que através desse ósculo abençoador ele daria a seu irmão um dom, e que depois o Rafinha descobriria o que era, e ele vai te abençoar por isso, e o segredo do dom só poderá ser contado quando Gabriel morrer. E a vontade desse deus era que essa obra fosse contada nesse tempo, mesmo que demorasse muito.
E assim fez o pequeno anjo adotivo da família, Gabriel levou um sustinho, achou estranho e nada fez.
Na manhã seguinte, Gabriel zombara de Rafael por isso e o envergonhara, mas nem tanto. Cai uma lágrima do rosto do Rafa, Gabriel sente dó, e mãe pede para o filho biológico e de criação pedir perdão, e sem relutar assim o fez. E tudo ficou numa boa.
Indo ao quarto, depois de subir as escadas, Gabriel camaradamente abraça com um braço as costas e os ombros de seu querido irmão, e sorriem benignos um ao outro.
Rafael explica a Gabriel que recebera ordem de um homem de luz chamado Morfeu, e que ele te daria um dom se beijasse a sua testa. Rafael sabia desde os sete o que era dom. E Gabriel com um pouco de orgulho não quis perguntar a ele o que era e foi ver no dicionário, soube então o que era e ficou feliz.
E então os dois foram pra cama sempre com a televisão ligada no quarto, e Hipnos não demorou em dar sono a Rafael, mas deixa Gabriel aos cuidados de Morfeu. E assim, o conteúdo na tela da TV não é mais de desenho animado e sim os sonhos de Rafael sendo transmitidos em três dimensões como se Gabriel tivesse usando óculos 3D. Gabrielzinho achou muito estranho e tentou mudar de canal e não conseguira. Ele acorda Rafael e a televisão desliga.
– O que foi? – pergunta Rafael sonolento.
– Nada.
E então Hipnos dá sono a Gabriel.
No dia seguinte, Gabriel ficara pensativo sobre o que aconteceu na noite passada.
– Por que você tá assim maninho?
– Você não vai acreditar, mas eu assisti seus sonhos na televisão.
– Que?
– É verdade.
– Era legal o meu sonho?
– Você acredita?
– Sim.
– Não conta pra ninguém, tá?
– Tá bom. Mas conta aí o que eu sonhei.
E Gabriel revelara o que Rafael sonhou enquanto o sono não vira.
Depois brincaram.
Na hora de dormir, virou um ritual para Gabriel assistir os sonhos onde quer que fosse dormir e pousar, e com qualquer pessoa, e se houvesse mais de duas pessoas contando com ele no lugar de dormir e tivesse uma televisão, uma era a escolhida para que ele pudesse observar seus sonhos.
E surpreendia-se com os sonhos alheios conforme crescia, já aconteceu ao dormir com os pais, com amigos, primos, e no auge da adolescência na casa da namorada.
Gabriel gostava muito de ler. Parte dele queria transmitir mensagens a pessoas, como se o nome dele tivesse o influenciando a isso, e tendo o teu nome mais um significado, fazia jus também, pois ele era muito forte.
Enquanto seu irmão Rafael, estava cursando a faculdade de Medicina, Gabriel dedicava-se ao curso de Letras, onde conheceu amigos que já eram escritores e muitos que queriam ser também. Soube de amigos artistas tiravam ideias de próprios sonhos, mas isso não podia ser uma vantagem pra ele, ao mesmo tempo em que sorriu esperto ao lembrar que tinha o poder de assistir sonhos alheios enquanto as pessoas dormem, e com uma condição, tem que haver no cômodo, a droga da televisão.
Seu diário de sonhos alheios foi por um tempo o seu smartphone que gravava enquanto seus olhos estavam confortáveis na tela. Mas isso acabou sendo estressante e parou de gravar e resolveu confiar na memória e isso era mais livre e voltava a ser divertido como antes.
Gabriel pegou por um tempo o hábito de dormir no quarto de pessoas diferentes, e quando pousava em casa de homens isso pegava mal a ele, sendo que ele foi até flertado por um rapaz, e como ele é heterossexual, saiu fora. O que fez querer desde então só pousar com mulheres que na maioria conseguia pelo Tinder.
E assim foi escrevendo muitos livros, e tendo sucesso.
Gabriel abençoara seu irmão Rafael o qual depois disso, aumentara o número de pacientes que foram tratados com sucesso, acontecendo até milagres, e chegou um dia a abrir um hospital particular com um grande colega chamado Lucas, que se chamou: “Hospital Rafael Lucas”, propícia junção de dois nomes bíblicos em que o primeiro segundo as crenças é o nome de um anjo que cura doenças, e o segundo fora um médico evangelista segundo o novo testamento da bíblia cristã.
Mas um dia terminou sua fase mulherenga, e se apaixonou por uma bela moça que era fã de seus livros, casou-se com ela. Desde que conheceu ela, fielmente a ela ficou um tempo sem pousar com ninguém, e não podendo dormir com ela, uma que ela escolhera fazer isso somente no casamento e outra que seus pais o degolariam se isso acontecesse.
Quando casou voltou a escrever livros saudavelmente, e descobriu que não precisava fazer essas experiências oníricas com pessoas diferentes, sua esposa bastava, e ele se apaixonava ainda mais por ela pelos seus sonhos. Quando ela tinha pesadelos ele ficava preocupado e tentava-se a acordá-la, mas resistia a deixando sofrer neles, a não ser quando era algo mais macabro, no entanto ele sentira culpa nessa prática sem querer querendo de ter que ver sua mulher se submetendo ao terror, até que parou com isso a consolando nessas noites.
Gabriel escrevera muitos e muitos livros em toda a sua carreira. Teve três filhos e uma filha, netos, e um bisneto. Tornou-se o escritor mais prolífico do mundo, sendo considerado também o melhor escritor de todos os tempos. Quando morreu, seu irmão revelara em uma entrevista que ele tinha o dom de assistir sonhos alheios onde tivesse uma TV. Muitos ficaram céticos a isso, mas muitos acreditaram devido à capacidade prolífica e genial que tinha, e muitos atacaram dizendo que isso era injusto, todavia filósofos defenderam que o que ele praticou em vida fora ético e justo.

Aconteceu que um de seus netos por também não ter o dom de lembrar seus sonhos adquirira também esse dom, mas souberam disso logo no começo da carreira, e ele foi muito perseguido, porém o espirito de seu avô, o imortal Gabriel, lhe dava conselhos e coragem, e também um anjo o protegia.

Lucas Pestana

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domingo, 14 de maio de 2017

O Pássaro de Todos Os Sons

     Em uma tribo indígena brasileira, dez anos antes do descobrimento do Brasil, vivia um jovem índio de vinte e dois anos, que saía vez ou outra, sozinho para caçar. Ele, um dia, foi além, mais longe pela mata, e ouviu um som de um violino e depois um som solado de guitarra, e se pergunta o que era isso?
      Se aproximando mais, ele viu um grande pássaro preto e branco, solitário, cuja crista era em forma de uma clave de fá, sendo que os dois círculos negros se sustentavam por uma energia invisível, e essa energia circulava o seu corpo que dava potencia e volume em suas reproduções sonoras.
      O pássaro olhou pra ele, e continuou reproduzindo sons, piano e em sequencia órgão, e foi embora.
      Essa ave reproduzia aleatoriamente qualquer som que se revelava a ela do futuro, do presente e do passado. Sabe-se então que ela não era onisciente, pois se fosse saberia conversar com quem ela foi descoberta, ela, porém, tinha o dom de maravilhar quem quer que ela permita a descobrir.
      Ele então voltou para a sua aldeia. Queria, mas não conseguia descrever muito bem os sons, disse que eram sons que nunca foram ouvidos. E, isso já estava virando uma lenda, e os índios agora queriam descobrir essa ave acompanhados com o jovem índio.
      No dia seguinte, todos juntos foram debalde e a ave lendária não estava e nem apareceu no lugar que o jovem a encontrou e nem em outro.
      No outro dia ele foi sozinho, e o que ele ouviu foi uma reprodução de duas horas de televisão – um seriado de suspense com intervalos comerciais e em seguida partes de um filme de terror e intervalos de propagandas, que passariam em uma TV do século XXI. Ele sentiu certo medo dos sons. E depois que a ave se foi, ele conseguiu descrever gritos, vociferações, e risadas diabólicas.
      No dia seguinte, os índios curiosos desde o dia anterior, foram atrás as de novo em vão, mas não desacreditavam do jovem.
      No outro dia, ele resolveu levar a sua esposa. E a ave a permitiu ver.
      Parecendo ser de propósito a ave reproduzia sons mais românticos, começando com uma musica internacional da segunda década do século XXI, em seguida uma peça de Shakespeare, sons de musicas românticas do final do século XX, e o filme mais lindo e romântico do século XXII. Com o clima de amor sentido, todo esse período eles escutam se beijando, mesmo não entendendo nenhuma palavra.
      O pássaro foi embora e deixa-os lá abraçados.
      Quando o casal voltou à aldeia, foram interrogados se viram a ave, disseram que sim, e embaraçados não conseguiam descrever.
      E aconteceu que a ave não apareceu mais quando o casal ia junto. E então o jovem voltou a ir sozinho.
Em cinco anos ele ouviu de quase tudo: gritos de guerra medieval, shows e ensaios de bandas de diversos estilos – inclusive algumas do século XXII, sons do reino dos céus, do espaço sideral, sons de guerras policiais contra o tráfico, erupções vulcânicas, catástrofes estrondosas, sons do inferno, de muitos dinossauros, guerras mundiais, de bombas nucleares, e et cetera (alguns sons davam certo medo aos outros - que conseguiram até ouvir de longe, - mas logo lembravam que era a ave lendária a qual tentavam descobri-la em vão).
E também, sons que somente o jovem índio ouviu, já que a ave preferia ficar bem longe: conversas do passado, do presente, e do futuro, os sons de belas vozes de anjos, de querubins, de serafins, de demônios, de alguns ancestrais, de alguns primeiros ancestrais, de animais que não eram do Brasil, e et cetera.

Quando o jovem índio morreu, esse pássaro quis conhecer outros mundos, e quando ele foi-se saindo toda a memória e pensamento sobre a ave foi sendo puxada com ela, e tudo o que foi gravado foi apagado, e sua lenda foi totalmente aniquilada.

Lucas Pestana

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sexta-feira, 5 de maio de 2017

Poesias da Catástrofe


Em um planeta muito semelhante ao nosso, evoluído por cientistas e engenheiros brasileiros abduzidos - juntamente com os objetos que estavam próximos a eles a dois metros (indo com eles até partes do chão e paredes com eles) - por divindades inacreditadas do planeta Crólia; esses intelectuais ensinaram a falarem o idioma português, a dar ideias de coisas existentes que conheciam na Terra, e ensinar tudo o que sabiam; esses doutos morreram, mas deixaram descendentes mestiços com crolianos que continuaram a evoluir o planeta. Os crolianos conheceram sobre o Deus deles, por um engenheiro que tinha a bíblia sagrada, mas não gostaram, odiaram Ele. Apesar disso, eles eram de comportamento só um pouco mais exemplar que a dos terrestres, mesmo que somente bem poucos crolianos podiam ser considerados bons, a maioria tinha apenas boa conduta causada por medo de leis severas, e mesmo assim não eram todos que conseguiam obedecer às regras. Porém, um crolianos, quando o pentaneto de um engenheiro abduzido da Terra vendeu sua bíblia sagrada a ele em sua loja de antiguidades, que acabou lendo, adquirindo valores divinos e nobres, como amor e humildade, sendo Loni o ser mais humilde do planeta Crólia.
Loni estava trabalhando em paz em sua loja de antiguidades.
A pequena característica dos crolianos que difere dos terrestres é a de terem pupilas azuis marinhas em vez de negras, Loni era loiro de olhos azuis bem claros, cabelo raspado na máquina um, tinha um cavanhaque, era robusto, e sua idade era de quarenta e quatro anos (de quinhentos dias), mas com aparência de cinquenta (comparando-se com terrestres). Ele era viúvo (perdeu sua mulher vítima de acidente de trânsito), sem filhos (pois foram assassinados os dois que ele tinha).
Ele trabalhava sozinho em sua pequena loja, até que chegaram duas extracrolianas. Uma linda alienígena de esclera dos olhos vermelha, íris e pupila preta e sua filha de esclera azul verde, e íris e pupila igual a de todos da sua espécie como da sua mãe. A mãe chamava-se Kima, e aparentava ter quarenta anos terrestres, mas tinha setenta anos (de quatrocentos e dez dias do seu planeta, e sua filha chamava-se Yiehla, era adolescente de dezesseis anos do seu mundo.
– Posso ajudar? – ele fingiu não estranhar as escleras diferentes delas.
– Vamos direto ao assunto, eu te escolhi.
– Ahm? Não entendi.
– Tive poder temporário de me tornar invisível para que eu pudesse investigar, e observar homens para que eu pudesse escolher como noivo a fim de que seja um rei ao nosso futuro reino conforme diz na profecia do meu mundo.
– Haha, engraçado.
– Na verdade, eu te escolhi porque foi de você que gostei, mas eu só vou saber vendo sua resposta para as visões do sim ou não; a minha pergunta é “você aceita se assentar ao meu lado no trono como rei?”, e você verá o que acontece se responder sim, e o que acontece se responder não. Tome a semente da visão.
– É, não sei. – pensou que podia ser veneno.
– Confia em mim.
– Não consigo confiar, não vou tomar isso daí, peço que saiam da minha loja, por favor.
A filha comeu uma semente sem que ele visse e então ela viu como que teria que ser feito:
– Mãe, só à força mesmo.
– Filha, fecha os portões. Nós teremos que te machucar, eu não queria meu bem, mas depois você vai entender.
E então, ele luta com elas defensivamente enquanto elas ofensivamente, mas ele era até mais fraco que sua futura enteada, facilmente apanhou até que dissesse:
– Ta bem, eu tomo.
E tomou.
Na visão do sim: feliz, e rei de um lindo lugar.
Na visão do não: morto, afogado por um tsunami, não antes de sofrer com desespero e cortes de objetos grandes que se trombariam nele.
– E sua resposta?
– Sim, mas porque me escolheu?
– Ouça essa profecia do meu mundo: E saíra a viúva e seus filhos do planeta. Lá eles não terão poder de destruir o planeta, antes senão seriam mortos por ele. Mas pelo poder que se colocará no ouvido de seu noivo, e de seus genros e noras eleitos, eles se lamentarão sendo instrumentos de aniquilação, e nos lugares que não existem humanos, a natureza estará em paz, e a magia levará animais nesses ambientes para não serem destruídos. Até que pareça que tudo acabou, restarão os mais escondidos que no futuro quererão com eles pelejar. Os noivos desse outro mundo chorarão, mas se consolarão com a família que foi expulsa do nosso planeta, terão um tanto de raiva deles pelo que foi feito, mas se abrandarão de alguma maneira, e farão desse planeta um lugar harmonioso e quando suas descendências se multiplicarem, antes que a viúva frutificada complete seus mil anos determinados de vida, ela voltará e prenderá os maus em uma cidade com muros intransponíveis e eles se transtornarão uns com os outros e os que converterem suas mentes para a bondade serão indestrutíveis, insofríveis, e com paz, e ficarão lá por um tempo até que sejam finalmente libertos. Porque os bons mudarão alguns maus, e muitos maus rejeitarão a bondade e pela própria maldade morrerão até sobrar só um assassino, ele não se arrependerá e será aprisionado perpetuamente para refletir e sofrer até morrer enquanto os outros serão libertos pelo rei. As pessoas se maravilharão, e muitos pedirão perdão à família real do planeta e serão perdoados. E viverão aqui em Lêmia, pois será esse planeta duas vezes mais abençoado pelos deuses que o que eles tiveram que habitar por longo tempo.
– Terrível, e maravilhoso afinal – ele comenta.
Loni ainda não a amava, mas admirava sua beleza desde o primeiro instante que a viu, e nesse meio tempo a considerou muito importante, forte e poderosa.
– A história é que eu fui expulsa de meu planeta, em que meu marido era o dominador dele, ele foi morto, e quem se elegeu no lugar expulsou-nos do planeta, pois ameaçávamos tirar ele do poder para melhorarmos o mundo. E quando fomos expulsos, suspeitamos de que éramos a família da profecia, então um mensageiro de um deus nos deu certeza de que éramos de fato.
– E onde estão os seus filhos?
– Estão em uma ilha pequena e inabitada longe de onde ocorrerão as grandes destruições. Eles estão esperando que tudo logo aconteça. Você e os outros escolhidos estarão protegidos por bolhas de energia intransponíveis. No livro da profecia continua dizendo que escutarão poesias enquanto os habitantes morrem, até que tudo acabe para que os escolhidos sejam buscados por seus noivos prometidos, nos conheceremos e esperaremos o mundo se renovar com os seres vivos que sobreviveram para vivermos os nossos paraísos.
E então, a filha continua:
– Descobrimos que você tem objetos que falam nos ouvidos.
– Só alguns walkmans – chamando assim, graças aos brasileiros idealizadores.
A mãe reforça:
– Isso, a divindade nos orientou acerca das nossas imaginações que pensamos que seria por magia que ouviriam nossas poesias para acontecer a destruição, mas seria por meio tecnológico.
– E porque complicam?
– Sabemos que divindades fazem conforme as suas vontades e também no limite de seus superpoderes. Não sei se é pela limitação ou pela vontade que querem assim.
– Bom, então vamos começar, né – disse ele ansioso depois de sentir uma pontada de amor por ela no seu coração ao mesmo tempo em que quis tê-la para si como esposa.
Ele então permitiu que elas entrassem no almoxarifado para gravarem suas recitações nas fitas pelos gravadores conforme foram instruídos pelo mensageiro das divindades. As poesias foram escritas pelos noivos, mas as vozes eram das duas aliens. As escleras dos olhos dessa família estrangeira se diversificavam num círculo cromático; a mãe: vermelha; a filha mais nova (Yiehla): azul verde; a filha mais velha: vermelho-violeta; a filha segunda mais velha: violeta; a filha terceira mais velha: amarelo verde; a filha quarta mais velha: amarelo laranja; o filho mais velho: vermelho laranja; o filho segundo mais velho: laranja; o filho terceiro mais velho: azul; o filho terceiro mais novo: azul violeta; o filho segundo mais novo: verde; o filho mais novo: amarelo.
Depois que tudo foi gravado, elas saírem daquele cômodo e ele indagou:
O que acontecerá com as almas dos aniquilados?
Elas serão do mistério, não sabemos.
Silencio pensativo.
Kima disse:
Minha filha escolherá as seis moças e o noivo dela, e você, seus mais quatro futuros genros.
                   
Depois da seleção, os escolhidos se reuniram na loja fechada, Yiehla e sua mãe já iam para a ilha, não antes de Kima pedir para esperarem dez minutos para colocarem os fones de ouvido e apertar o play.
Então, passa-se o tempo, e Loni fala:
- Agora.
E começaram a ouvir, no que se formou uma esfera poderosa em volta de cada um, que numa explosão eles foram espalhados pelo mundo para flutuarem pelo caos sem que fossem atingidos.
Cada um ouvia a sua poesia, cada poesia eram palavras de seus noivos (que sem os conhecerem já os amavam) pelas vozes da mãe e filha que tinham na memória todas as poesias deles. Na voz da mãe foram para seu noivo, mais dois mancebos e três moças, na voz da irmã foram para seu noivo e mais dois moços, e mais três moças.
Nessas poesias eram misturas de caos e sentimentos de afeto pela revelação de suas faces que sorriam para eles (os aliens) em sonhos. Os crolianos assistiam a destruição lamentando pelos que morriam; ao mesmo tempo seus corações eram tocados, sendo pré-conquistados, porém ainda não amavam seus prometidos noivos e noivas. E ficaram assim: para o noivo rei, a poesia falava do desastre, da queda de um meteoro que acabaria com um país e falava do amor que a noiva já sentia por ele; para o moço mais velho – tsunamis nas cidades litorâneas, e amor que sua noiva já sentia por ele; para o segundo mais velho – todas as erupções vulcânicas, e amor; para a moça mais velha – ciclones e furacões, e o amor que seu noivo já sentia por ela; para a moça segunda mais velha – também ciclones e furacões, e amor; para a terceira moça mais velha – sismos e amor; para o terceiro moço mais velho – raios com objetivo de atingir seres humanos e destruir casas, e amor; para o quarto e quinto moço o mesmo desastre do terceiro, e amor, e para a quarta a sexta moça o mesmo desastre do terceiro moço mais velho.
O caos após uma noite inteira tem seu fim.

As bolhas de proteção se desfazem no alto, mas eles são buscados por seus noivos alienígenas antes que quedam, e são levados pelas mãos até a ilha. E então se cumpriu aquela parte de suas profecias.

Lucas Pestana

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