segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

A Casa do Anjo


     Eu andava na boa de bicicleta na cidade. Enquanto tudo era calmo. O ar tinha cheiro de terra molhada depois de uma violenta tempestade.
      Observava eu alguns estragos, como árvores caídas, galhos caídos em carros, até passarinhos e ovos mortos na calçada.
      Repórteres e reportagens.
      Eu andei até ver uma linda casa branca, em cima esplendorosamente havia um anjo. Calça preta, camiseta branca, tênis prateado. Asas brancas e magníficas.
      Não ousei olhar por muito tempo. Meus olhos cansaram a vista.
      Fui pra casa pensando naquilo.
      No dia seguinte, o dia estava de sol. Um tempo gostoso.
      Andava a pé desta vez.
      E desta vez, ao lado da alva casa, uma casa em escarlate. Por cima, no telhado, um demônio escarlate sem asas, mas que voava. Ria ele de mim, me olhando.
      Corri medroso.
      Nessa outra vez agora, fui de carro. Entretanto, havia um combate naquele local. Duas casas num vendaval absurdo. O anjo e o demônio se atracavam em uma luta implacável.
      Faíscas enormes de luz saíam daquela ação e daquele local.
      Até que algumas passavam por mim e me tiravam coro e eu sofria, e não conseguia correr, como se meu pé tivesse sido firmado.
      O meu livramento talvez foi ter levado um lampejo em meus olhos. No que eu vi tudo branco e esplendoroso.
      Depois a escuridão.
      Acordei no hospital.
      Tive alta no mesmo dia.
      Agora de bicicleta, o curioso quis ir lá ver as duas casas novamente.
      A branca estava toda rachada, mas firme.
      A outra em ruínas. 

Lucas Pestana


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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Luta Artística



      O tempo era chuvoso.
        Eu estava apenas observando os carros passarem enquanto tomava uma grande xícara de café para o meu gênio.
        Daqui a instantes escreveria romance.
        Meu nome é Fernando, e eu sou romancista, na verdade ainda não praticamente falando, nem comecei, desculpe-me a ousadia. No futuro eu sou. No meu sonho eu sou.
        E então eu bebi o último gole e fui para a minha escrivaninha.
        Começo. Um parágrafo. Receio. Lixo. Outro papel. Dois parágrafos. Receio. Lixo. Outro. Quatro parágrafos. Receio. Também é lixo. Agora vai?! Papéis. Melhorei. Um capítulo. Medo. Seu lugar na lixeira.
        Tristeza. Remédio para insônia.
        Cama para sonhar sonhos que desejaria depois escrever. Sei que sonho coisas legais, mas a memória é cruel, pelo menos oniricamente.
        E eu aceito lutar todos os dias contra o bloqueio criativo, contra o medo do público, e do desconhecido. Três contra um. E eu vou lutar até que um dia saia algo pra você poder ter por um tempo na cabeceira da sua cama.

Lucas Pestana

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