segunda-feira, 28 de maio de 2018

Horas de Escuridão


      Madrugada silenciosa. Quietude no meu quarto.
Mas, uma mente barulhenta; inconsciente um turbilhão, consciência em depressão.
Tranquilidade é suplicada a Deus. Paz é pedida.
Nessa hora, pensamento é inferno. O desejo é do céu.
Peço um dia melhor amanhã.
A morte da vigília acontece para que a ressurreição aconteça depois.
Nas fases do sono sinto a consolação de sonhos felizes.
Hora de matar o sono com a energia que em mim se encheu.
Acordo renascido para viver um dia de vida e luz, sabendo que os tempos são incertos, não sabendo quando e se virão mais horas de escuridão.

Lucas Pestana

facebook e instagram: @lucaspestana702

domingo, 6 de maio de 2018

Combate Eternal


      Fogo saiu do meu peito enquanto me olhava no espelho.
      Meus olhos piscaram e se apagara a luz.
      A pequena chama flutuava no escuro iluminado por ela.
      Os gatos lá fora brigam.
      O cachorro late.
      Outro fogo aparece do solo, esse era feio. O outro bonito e sagrado.
      Os dois fogos flutuavam no ar escuro em que pouca era iluminação dada por eles mesmos.
      O fogo feio entra no meu intelecto e me perturba. O fogo lindo entra em meus olhos e me faz ver o céu e o inferno.
      Na verdade, só o exterior do céu, a atmosfera revestida de um fogo glorioso era protegida. Não conheci a glória dentro do ilimitado céu.
      Dava volta no mundo perdido flutuando como um espírito.
      As águas não poderiam mais ficar lá, não poderia haver refresco, e dos oceanos, dos rios, e dos mares elas iam sendo levadas para o alto. O céu se abre por um tempo.
      Abismos e disseminações.
      Miríades e miríades. Demônios e desumanos. Todo mundo se pegando, no sentido bárbaro da expressão, alguns somente apanhavam.
      Agressores sofriam, porque apanhavam também, e muito.
      Eu lamentava pelos que só levavam murros e chutes e não conseguiam se defender, as sortes desses eram apenas instantes de alívio.
      Acontece que todos estavam na pior. A Terra era único inferno do Universo. E o céu, o Universo, como foi dito antes, era protegido – pelo sagrado fogo maravilhoso de Deus.
      Os demônios tentavam fugir, eram poderosos e voavam – sem asas. Mas seus poderes não eram capazes de furar o céu. Culpa de Satan, líder na guerra perdida contra Deus; ele por fim nesse tormento era o que mais apanhava, mesmo sendo o mais potente ser daquele terrível lugar, todos queriam bater nele.
      Depois que todos se rebelavam contra ele e o flagelava, ele voltava mais forte, e o querubim decadente dobrava a dor daqueles que o transpassaram. E isso era uma repetição constante.
      Era uma guerra infinita:
      Posses de armas e espadas. Uns com armas pesadas, outros com as mais leves. Mesmo que alguns tinham ambos, alguns só tinham espadas, alguns somente escudos (e esse alívio por essa posse não era total, e nem pra sempre), os escudos tinham que ser roubados; os escudos são constantemente caçados. Escudo era ouro ali. Diamantes são fezes.
      O solo era ardente, as lágrimas constantes.
      Todo mundo se odeia, só ficaram os maus.
      Os que foram estupradores são os que mais sofrem, pois não conseguem mais serem como foram, e eles agora é que são eternamente estuprados, ao mesmo tempo torturados.
      Os soberbos são os mais humilhados.
      Os que eram opressores agora são os mais oprimidos.
      Mas, todos estavam danados, ninguém se safava, nem mesmo Satanás.
      Nesse momento, o inferno na superfície se abre de todos os lados. Caem todos para o meio começando uma pauleira de golpes – socos e chutes, todos contra todos.
      Ai dos que eram afligidos pelo potente Satan, aliás, todos iriam se deparar com ele uma hora, nesse eternal combate que todos, e até ele sofre.
      Nessa hora, creio que precisei sentir um momento de intensa dor. E uma força me levou até o querubim das trevas. Coitado de mim por um tempo. Ao menos fui capaz de dar um forte chute na sua cara.
      Graças a Deus aquilo foi um apocalipse para mim, uma revelação.
      Sumo do terror e volto ao meu cotidiano.
      No chuveiro: refrigério. 

Lucas Pestana

facebook e instagram: @lucaspestana702