domingo, 14 de maio de 2017

O Pássaro de Todos Os Sons

     Em uma tribo indígena brasileira, dez anos antes do descobrimento do Brasil, vivia um jovem índio de vinte e dois anos, que saía vez ou outra, sozinho para caçar. Ele, um dia, foi além, mais longe pela mata, e ouviu um som de um violino e depois um som solado de guitarra, e se pergunta o que era isso?
      Se aproximando mais, ele viu um grande pássaro preto e branco, solitário, cuja crista era em forma de uma clave de fá, sendo que os dois círculos negros se sustentavam por uma energia invisível, e essa energia circulava o seu corpo que dava potencia e volume em suas reproduções sonoras.
      O pássaro olhou pra ele, e continuou reproduzindo sons, piano e em sequencia órgão, e foi embora.
      Essa ave reproduzia aleatoriamente qualquer som que se revelava a ela do futuro, do presente e do passado. Sabe-se então que ela não era onisciente, pois se fosse saberia conversar com quem ela foi descoberta, ela, porém, tinha o dom de maravilhar quem quer que ela permita a descobrir.
      Ele então voltou para a sua aldeia. Queria, mas não conseguia descrever muito bem os sons, disse que eram sons que nunca foram ouvidos. E, isso já estava virando uma lenda, e os índios agora queriam descobrir essa ave acompanhados com o jovem índio.
      No dia seguinte, todos juntos foram debalde e a ave lendária não estava e nem apareceu no lugar que o jovem a encontrou e nem em outro.
      No outro dia ele foi sozinho, e o que ele ouviu foi uma reprodução de duas horas de televisão – um seriado de suspense com intervalos comerciais e em seguida partes de um filme de terror e intervalos de propagandas, que passariam em uma TV do século XXI. Ele sentiu certo medo dos sons. E depois que a ave se foi, ele conseguiu descrever gritos, vociferações, e risadas diabólicas.
      No dia seguinte, os índios curiosos desde o dia anterior, foram atrás as de novo em vão, mas não desacreditavam do jovem.
      No outro dia, ele resolveu levar a sua esposa. E a ave a permitiu ver.
      Parecendo ser de propósito a ave reproduzia sons mais românticos, começando com uma musica internacional da segunda década do século XXI, em seguida uma peça de Shakespeare, sons de musicas românticas do final do século XX, e o filme mais lindo e romântico do século XXII. Com o clima de amor sentido, todo esse período eles escutam se beijando, mesmo não entendendo nenhuma palavra.
      O pássaro foi embora e deixa-os lá abraçados.
      Quando o casal voltou à aldeia, foram interrogados se viram a ave, disseram que sim, e embaraçados não conseguiam descrever.
      E aconteceu que a ave não apareceu mais quando o casal ia junto. E então o jovem voltou a ir sozinho.
Em cinco anos ele ouviu de quase tudo: gritos de guerra medieval, shows e ensaios de bandas de diversos estilos – inclusive algumas do século XXII, sons do reino dos céus, do espaço sideral, sons de guerras policiais contra o tráfico, erupções vulcânicas, catástrofes estrondosas, sons do inferno, de muitos dinossauros, guerras mundiais, de bombas nucleares, e et cetera (alguns sons davam certo medo aos outros - que conseguiram até ouvir de longe, - mas logo lembravam que era a ave lendária a qual tentavam descobri-la em vão).
E também, sons que somente o jovem índio ouviu, já que a ave preferia ficar bem longe: conversas do passado, do presente, e do futuro, os sons de belas vozes de anjos, de querubins, de serafins, de demônios, de alguns ancestrais, de alguns primeiros ancestrais, de animais que não eram do Brasil, e et cetera.

Quando o jovem índio morreu, esse pássaro quis conhecer outros mundos, e quando ele foi-se saindo toda a memória e pensamento sobre a ave foi sendo puxada com ela, e tudo o que foi gravado foi apagado, e sua lenda foi totalmente aniquilada.

Lucas Pestana

facebook.com/lucaspestana702 

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Poesias da Catástrofe


Em um planeta muito semelhante ao nosso, evoluído por cientistas e engenheiros brasileiros abduzidos - juntamente com os objetos que estavam próximos a eles a dois metros (indo com eles até partes do chão e paredes com eles) - por divindades inacreditadas do planeta Crólia; esses intelectuais ensinaram a falarem o idioma português, a dar ideias de coisas existentes que conheciam na Terra, e ensinar tudo o que sabiam; esses doutos morreram, mas deixaram descendentes mestiços com crolianos que continuaram a evoluir o planeta. Os crolianos conheceram sobre o Deus deles, por um engenheiro que tinha a bíblia sagrada, mas não gostaram, odiaram Ele. Apesar disso, eles eram de comportamento só um pouco mais exemplar que a dos terrestres, mesmo que somente bem poucos crolianos podiam ser considerados bons, a maioria tinha apenas boa conduta causada por medo de leis severas, e mesmo assim não eram todos que conseguiam obedecer às regras. Porém, um crolianos, quando o pentaneto de um engenheiro abduzido da Terra vendeu sua bíblia sagrada a ele em sua loja de antiguidades, que acabou lendo, adquirindo valores divinos e nobres, como amor e humildade, sendo Loni o ser mais humilde do planeta Crólia.
Loni estava trabalhando em paz em sua loja de antiguidades.
A pequena característica dos crolianos que difere dos terrestres é a de terem pupilas azuis marinhas em vez de negras, Loni era loiro de olhos azuis bem claros, cabelo raspado na máquina um, tinha um cavanhaque, era robusto, e sua idade era de quarenta e quatro anos (de quinhentos dias), mas com aparência de cinquenta (comparando-se com terrestres). Ele era viúvo (perdeu sua mulher vítima de acidente de trânsito), sem filhos (pois foram assassinados os dois que ele tinha).
Ele trabalhava sozinho em sua pequena loja, até que chegaram duas extracrolianas. Uma linda alienígena de esclera dos olhos vermelha, íris e pupila preta e sua filha de esclera azul verde, e íris e pupila igual a de todos da sua espécie como da sua mãe. A mãe chamava-se Kima, e aparentava ter quarenta anos terrestres, mas tinha setenta anos (de quatrocentos e dez dias do seu planeta, e sua filha chamava-se Yiehla, era adolescente de dezesseis anos do seu mundo.
– Posso ajudar? – ele fingiu não estranhar as escleras diferentes delas.
– Vamos direto ao assunto, eu te escolhi.
– Ahm? Não entendi.
– Tive poder temporário de me tornar invisível para que eu pudesse investigar, e observar homens para que eu pudesse escolher como noivo a fim de que seja um rei ao nosso futuro reino conforme diz na profecia do meu mundo.
– Haha, engraçado.
– Na verdade, eu te escolhi porque foi de você que gostei, mas eu só vou saber vendo sua resposta para as visões do sim ou não; a minha pergunta é “você aceita se assentar ao meu lado no trono como rei?”, e você verá o que acontece se responder sim, e o que acontece se responder não. Tome a semente da visão.
– É, não sei. – pensou que podia ser veneno.
– Confia em mim.
– Não consigo confiar, não vou tomar isso daí, peço que saiam da minha loja, por favor.
A filha comeu uma semente sem que ele visse e então ela viu como que teria que ser feito:
– Mãe, só à força mesmo.
– Filha, fecha os portões. Nós teremos que te machucar, eu não queria meu bem, mas depois você vai entender.
E então, ele luta com elas defensivamente enquanto elas ofensivamente, mas ele era até mais fraco que sua futura enteada, facilmente apanhou até que dissesse:
– Ta bem, eu tomo.
E tomou.
Na visão do sim: feliz, e rei de um lindo lugar.
Na visão do não: morto, afogado por um tsunami, não antes de sofrer com desespero e cortes de objetos grandes que se trombariam nele.
– E sua resposta?
– Sim, mas porque me escolheu?
– Ouça essa profecia do meu mundo: E saíra a viúva e seus filhos do planeta. Lá eles não terão poder de destruir o planeta, antes senão seriam mortos por ele. Mas pelo poder que se colocará no ouvido de seu noivo, e de seus genros e noras eleitos, eles se lamentarão sendo instrumentos de aniquilação, e nos lugares que não existem humanos, a natureza estará em paz, e a magia levará animais nesses ambientes para não serem destruídos. Até que pareça que tudo acabou, restarão os mais escondidos que no futuro quererão com eles pelejar. Os noivos desse outro mundo chorarão, mas se consolarão com a família que foi expulsa do nosso planeta, terão um tanto de raiva deles pelo que foi feito, mas se abrandarão de alguma maneira, e farão desse planeta um lugar harmonioso e quando suas descendências se multiplicarem, antes que a viúva frutificada complete seus mil anos determinados de vida, ela voltará e prenderá os maus em uma cidade com muros intransponíveis e eles se transtornarão uns com os outros e os que converterem suas mentes para a bondade serão indestrutíveis, insofríveis, e com paz, e ficarão lá por um tempo até que sejam finalmente libertos. Porque os bons mudarão alguns maus, e muitos maus rejeitarão a bondade e pela própria maldade morrerão até sobrar só um assassino, ele não se arrependerá e será aprisionado perpetuamente para refletir e sofrer até morrer enquanto os outros serão libertos pelo rei. As pessoas se maravilharão, e muitos pedirão perdão à família real do planeta e serão perdoados. E viverão aqui em Lêmia, pois será esse planeta duas vezes mais abençoado pelos deuses que o que eles tiveram que habitar por longo tempo.
– Terrível, e maravilhoso afinal – ele comenta.
Loni ainda não a amava, mas admirava sua beleza desde o primeiro instante que a viu, e nesse meio tempo a considerou muito importante, forte e poderosa.
– A história é que eu fui expulsa de meu planeta, em que meu marido era o dominador dele, ele foi morto, e quem se elegeu no lugar expulsou-nos do planeta, pois ameaçávamos tirar ele do poder para melhorarmos o mundo. E quando fomos expulsos, suspeitamos de que éramos a família da profecia, então um mensageiro de um deus nos deu certeza de que éramos de fato.
– E onde estão os seus filhos?
– Estão em uma ilha pequena e inabitada longe de onde ocorrerão as grandes destruições. Eles estão esperando que tudo logo aconteça. Você e os outros escolhidos estarão protegidos por bolhas de energia intransponíveis. No livro da profecia continua dizendo que escutarão poesias enquanto os habitantes morrem, até que tudo acabe para que os escolhidos sejam buscados por seus noivos prometidos, nos conheceremos e esperaremos o mundo se renovar com os seres vivos que sobreviveram para vivermos os nossos paraísos.
E então, a filha continua:
– Descobrimos que você tem objetos que falam nos ouvidos.
– Só alguns walkmans – chamando assim, graças aos brasileiros idealizadores.
A mãe reforça:
– Isso, a divindade nos orientou acerca das nossas imaginações que pensamos que seria por magia que ouviriam nossas poesias para acontecer a destruição, mas seria por meio tecnológico.
– E porque complicam?
– Sabemos que divindades fazem conforme as suas vontades e também no limite de seus superpoderes. Não sei se é pela limitação ou pela vontade que querem assim.
– Bom, então vamos começar, né – disse ele ansioso depois de sentir uma pontada de amor por ela no seu coração ao mesmo tempo em que quis tê-la para si como esposa.
Ele então permitiu que elas entrassem no almoxarifado para gravarem suas recitações nas fitas pelos gravadores conforme foram instruídos pelo mensageiro das divindades. As poesias foram escritas pelos noivos, mas as vozes eram das duas aliens. As escleras dos olhos dessa família estrangeira se diversificavam num círculo cromático; a mãe: vermelha; a filha mais nova (Yiehla): azul verde; a filha mais velha: vermelho-violeta; a filha segunda mais velha: violeta; a filha terceira mais velha: amarelo verde; a filha quarta mais velha: amarelo laranja; o filho mais velho: vermelho laranja; o filho segundo mais velho: laranja; o filho terceiro mais velho: azul; o filho terceiro mais novo: azul violeta; o filho segundo mais novo: verde; o filho mais novo: amarelo.
Depois que tudo foi gravado, elas saírem daquele cômodo e ele indagou:
O que acontecerá com as almas dos aniquilados?
Elas serão do mistério, não sabemos.
Silencio pensativo.
Kima disse:
Minha filha escolherá as seis moças e o noivo dela, e você, seus mais quatro futuros genros.
                   
Depois da seleção, os escolhidos se reuniram na loja fechada, Yiehla e sua mãe já iam para a ilha, não antes de Kima pedir para esperarem dez minutos para colocarem os fones de ouvido e apertar o play.
Então, passa-se o tempo, e Loni fala:
- Agora.
E começaram a ouvir, no que se formou uma esfera poderosa em volta de cada um, que numa explosão eles foram espalhados pelo mundo para flutuarem pelo caos sem que fossem atingidos.
Cada um ouvia a sua poesia, cada poesia eram palavras de seus noivos (que sem os conhecerem já os amavam) pelas vozes da mãe e filha que tinham na memória todas as poesias deles. Na voz da mãe foram para seu noivo, mais dois mancebos e três moças, na voz da irmã foram para seu noivo e mais dois moços, e mais três moças.
Nessas poesias eram misturas de caos e sentimentos de afeto pela revelação de suas faces que sorriam para eles (os aliens) em sonhos. Os crolianos assistiam a destruição lamentando pelos que morriam; ao mesmo tempo seus corações eram tocados, sendo pré-conquistados, porém ainda não amavam seus prometidos noivos e noivas. E ficaram assim: para o noivo rei, a poesia falava do desastre, da queda de um meteoro que acabaria com um país e falava do amor que a noiva já sentia por ele; para o moço mais velho – tsunamis nas cidades litorâneas, e amor que sua noiva já sentia por ele; para o segundo mais velho – todas as erupções vulcânicas, e amor; para a moça mais velha – ciclones e furacões, e o amor que seu noivo já sentia por ela; para a moça segunda mais velha – também ciclones e furacões, e amor; para a terceira moça mais velha – sismos e amor; para o terceiro moço mais velho – raios com objetivo de atingir seres humanos e destruir casas, e amor; para o quarto e quinto moço o mesmo desastre do terceiro, e amor, e para a quarta a sexta moça o mesmo desastre do terceiro moço mais velho.
O caos após uma noite inteira tem seu fim.

As bolhas de proteção se desfazem no alto, mas eles são buscados por seus noivos alienígenas antes que quedam, e são levados pelas mãos até a ilha. E então se cumpriu aquela parte de suas profecias.

Lucas Pestana

facebook.com/lucaspestana702