Gabriel brincava
sozinho no playground do quintal da sua casa de classe média alta. Mas estava
um saco, tentar se divertir sem nenhum amigo ou irmão, e acabava sentado no
escorregador imaginando como seria ter um irmão da mesma idade que ele, oito
anos.
Ele sempre contava
a seus pais que ele queria ter tido um irmão gêmeo ou um irmão com quase a
mesma idade que ele para ter aquela sintonia de maturidade mais próxima da
dele. Seus pais, já estavam pensando sobre isso, e até gostavam da ideia, mas
para não criar expectativas no filho, falavam que ia chamar um coleguinha da
escola para brincar com ele, no entanto essa alegria se tornava momentânea para
o pequeno Gabriel.
Certo dia, os seus
pais o surpreendeu quando Gabriel estava na sala assistindo Cartoon Network. A
sua mãe disse:
– Meu pequeno
mensageiro! Dê boas vindas ao novo anjo da família, seu nome é Rafael!
– Nossa mãe! Que
legal!
E os recém-irmãos
se abraçam puramente.
A mãe continua:
– Ele vai curar a
sua solidão fraterna.
– Obrigado papai e
mamãe!
– Venha conhecer a
casa – convida Gabriel.
Os dois se conheceram, brincaram, entenderam-se
compativelmente, e se harmonizaram para sempre como irmãos e amigos.
Na hora de dormir, eles se abraçaram e
Gabriel pedira para Deus abençoar a noite de Rafa, e isso foi recíproco.
Quando acordaram, Rafael contara sobre os
sonhos que teve, e Gabriel triste dissera que nunca se lembrava de seus sonhos.
Rafa achava uma pena, porque sonhar é fantástico! E lembrar é interessante.
No outro dia, eles brincaram, mas Gabriel
sentira um pouco de inveja de seu maninho adotivo por não ter essa capacidade
memorativa. E o brilho nas brincadeiras não foi o mesmo do dia passado.
Chegara à noite, e eles foram dormir. Rafa
percebera que Gabi estava diferente, mas falara pra Deus o abençoar, Gabi disse
o mesmo só que um tanto mais murcho.
Rafael sonhara com um deus chamado Morfeu
que pedira para ele dar um beijo na testa de Gabriel enquanto ele dormia que
através desse ósculo abençoador ele daria a seu irmão um dom, e que depois o
Rafinha descobriria o que era, e ele vai te abençoar por isso, e o segredo do
dom só poderá ser contado quando Gabriel morrer. E a vontade desse deus era que
essa obra fosse contada nesse tempo, mesmo que demorasse muito.
E assim fez o pequeno anjo adotivo da
família, Gabriel levou um sustinho, achou estranho e nada fez.
Na manhã seguinte, Gabriel zombara de
Rafael por isso e o envergonhara, mas nem tanto. Cai uma lágrima do rosto do
Rafa, Gabriel sente dó, e mãe pede para o filho biológico e de criação pedir perdão,
e sem relutar assim o fez. E tudo ficou numa boa.
Indo ao quarto, depois de subir as escadas,
Gabriel camaradamente abraça com um braço as costas e os ombros de seu querido
irmão, e sorriem benignos um ao outro.
Rafael explica a Gabriel que recebera ordem
de um homem de luz chamado Morfeu, e que ele te daria um dom se beijasse a sua
testa. Rafael sabia desde os sete o que era dom. E Gabriel com um pouco de
orgulho não quis perguntar a ele o que era e foi ver no dicionário, soube então
o que era e ficou feliz.
E então os dois foram pra cama sempre com a
televisão ligada no quarto, e Hipnos não demorou em dar sono a Rafael, mas
deixa Gabriel aos cuidados de Morfeu. E assim, o conteúdo na tela da TV não é
mais de desenho animado e sim os sonhos de Rafael sendo transmitidos em três
dimensões como se Gabriel tivesse usando óculos 3D. Gabrielzinho achou muito
estranho e tentou mudar de canal e não conseguira. Ele acorda Rafael e a
televisão desliga.
– O que foi? – pergunta Rafael sonolento.
– Nada.
E então Hipnos dá sono a Gabriel.
No dia seguinte, Gabriel ficara pensativo
sobre o que aconteceu na noite passada.
– Por que você tá assim maninho?
– Você não vai acreditar, mas eu assisti
seus sonhos na televisão.
– Que?
– É verdade.
– Era legal o meu sonho?
– Você acredita?
– Sim.
– Não conta pra ninguém, tá?
– Tá bom. Mas conta aí o que eu sonhei.
E Gabriel revelara o que Rafael sonhou
enquanto o sono não vira.
Depois brincaram.
Na hora de dormir, virou um ritual para
Gabriel assistir os sonhos onde quer que fosse dormir e pousar, e com qualquer
pessoa, e se houvesse mais de duas pessoas contando com ele no lugar de dormir
e tivesse uma televisão, uma era a escolhida para que ele pudesse observar seus
sonhos.
E surpreendia-se com os sonhos alheios
conforme crescia, já aconteceu ao dormir com os pais, com amigos, primos, e no
auge da adolescência na casa da namorada.
Gabriel gostava muito de ler. Parte dele
queria transmitir mensagens a pessoas, como se o nome dele tivesse o
influenciando a isso, e tendo o teu nome mais um significado, fazia jus também,
pois ele era muito forte.
Enquanto seu irmão Rafael, estava cursando
a faculdade de Medicina, Gabriel dedicava-se ao curso de Letras, onde conheceu
amigos que já eram escritores e muitos que queriam ser também. Soube de amigos
artistas tiravam ideias de próprios sonhos, mas isso não podia ser uma vantagem
pra ele, ao mesmo tempo em que sorriu esperto ao lembrar que tinha o poder de
assistir sonhos alheios enquanto as pessoas dormem, e com uma condição, tem que
haver no cômodo, a droga da televisão.
Seu diário de sonhos alheios foi por um tempo
o seu smartphone que gravava enquanto seus olhos estavam confortáveis na tela.
Mas isso acabou sendo estressante e parou de gravar e resolveu confiar na
memória e isso era mais livre e voltava a ser divertido como antes.
Gabriel pegou por um tempo o hábito de
dormir no quarto de pessoas diferentes, e quando pousava em casa de homens isso
pegava mal a ele, sendo que ele foi até flertado por um rapaz, e como ele é
heterossexual, saiu fora. O que fez querer desde então só pousar com mulheres
que na maioria conseguia pelo Tinder.
E assim foi escrevendo muitos livros, e
tendo sucesso.
Gabriel abençoara seu irmão Rafael o qual
depois disso, aumentara o número de pacientes que foram tratados com sucesso,
acontecendo até milagres, e chegou um dia a abrir um hospital particular com um
grande colega chamado Lucas, que se chamou: “Hospital Rafael Lucas”, propícia junção
de dois nomes bíblicos em que o primeiro segundo as crenças é o nome de um anjo
que cura doenças, e o segundo fora um médico evangelista segundo o novo
testamento da bíblia cristã.
Mas um dia terminou sua fase mulherenga, e
se apaixonou por uma bela moça que era fã de seus livros, casou-se com ela. Desde
que conheceu ela, fielmente a ela ficou um tempo sem pousar com ninguém, e não
podendo dormir com ela, uma que ela escolhera fazer isso somente no casamento e
outra que seus pais o degolariam se isso acontecesse.
Quando casou voltou a escrever livros
saudavelmente, e descobriu que não precisava fazer essas experiências oníricas
com pessoas diferentes, sua esposa bastava, e ele se apaixonava ainda mais por
ela pelos seus sonhos. Quando ela tinha pesadelos ele ficava preocupado e tentava-se
a acordá-la, mas resistia a deixando sofrer neles, a não ser quando era algo
mais macabro, no
entanto ele sentira culpa nessa prática sem querer querendo de ter que ver sua
mulher se submetendo ao terror, até que parou com isso a consolando nessas noites.
Gabriel escrevera muitos e muitos livros em
toda a sua carreira. Teve três filhos e uma filha, netos, e um bisneto. Tornou-se
o escritor mais prolífico do mundo, sendo considerado também o melhor escritor
de todos os tempos. Quando morreu, seu irmão revelara em uma entrevista que ele
tinha o dom de assistir sonhos alheios onde tivesse uma TV. Muitos ficaram
céticos a isso, mas muitos acreditaram devido à capacidade prolífica e genial que
tinha, e muitos atacaram dizendo que isso era injusto, todavia filósofos
defenderam que o que ele praticou em vida fora ético e justo.
Aconteceu que um de seus netos por também
não ter o dom de lembrar seus sonhos adquirira também esse dom, mas souberam
disso logo no começo da carreira, e ele foi muito perseguido, porém o espirito
de seu avô, o imortal Gabriel, lhe dava conselhos e coragem, e também um anjo o
protegia.
Lucas Pestana
facebook.com/lucaspestana702
Adorei!
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