quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Anarquia Mental - Sono REM: A Luz de um Renascer


05 de julho de 2018.
[No dia 02 de junho Abel foi diagnosticado com esquizofrenia hebefrênica]
[Ele tem 19 anos. Nasceu no dia 26 de Abril de 1999.].


Abel olhava suas camisas no varal em que as estampas se mexiam, resolveu pegar uma preta em que a ilustração era de raios e relâmpagos, nuvens carregadas, e prédios de metrópole; vestiu-se. Nublou-se o céu. Começou a chover.
O jovem fora assistir TV, no noticiário via-se que estava tendo grandes tempestades em cidades grandes, de repente a âncora disse: “É bom o cara tirar essa camisa”. O rapaz acreditou que sua veste estava influenciando a tempestade e foi escolher outra camisa com diferente estampa, uma que pudesse trazer “vibrações positivas”.
“E se eu colocar essa regata de praia” pensou. Fora assistir o jornal e o repórter: “Agora todas as cidades do mundo têm praias. O que aconteceu é que cada cidade virou uma ilha. E surrealmente, nenhuma catástrofe precisou acontecer para isso. Está calor em toda a Terra. Todo mundo está grato. Hoje está sendo feriado mundial. 07 de Julho, Dia Mundial da Transformação Litorânea.”
“Que seja assim” disse Abel. E fora para fora viver seu sonho. O paraíso estava na Terra, e graças a sua camiseta. Quando saiu pelo portão, as pessoas de carro buzinavam gritando: “olha, o messias”. E paravam o carro para falar com ele. Logo, muitos repórteres chegavam e diziam: “messias, como você se sente nos dando esses paraísos?” “Messias? Eu sou só um cara comum que vestiu a camisa, eu não sou ninguém. Não fiz justiça aos homens, e a violência a fome acabaram?” “Não, senhor” “Então. E senhor é o Nosso Senhor Jesus Cristo que voltará. Amém.” “Você operou uma maravilha. Então, você é um super-herói?” “Acredito que não. Mutante, talvez, ou minhas camisetas é que são superpoderosas”. “Você salvou o mundo do tédio, de vícios, teremos mais lazer, e muitos irão largar as drogas.” “Posso ser então um herói, mas foi por acaso, o mérito deve ser deixado ao fabricante dessa camiseta que estou usando agora. Porventura não há mais pessoas usando essa camiseta?” “Senhor, aconteceu algo milagroso na televisão, quando você olhava para o varal com roupas nesse mesmo instante não sei talvez um anjo te filmasse e passava pra gente te assistir, foi incrível, tipo um reality show de ti, mas por poucos instantes.” “Nossa” “Você é um escolhido. Duas poderosas camisetas escolheram você. Você primeiro foi um vilão entre aspas com as intensas tempestades, com todo o respeito, e depois um herói.” “Então, ta, agora quero privacidade e liberdade, está bem?” “Como quiser, senhor. Obrigado”. E muitos começaram a agradecer: Obrigado, Abel.
Abel foi à praia. Quando pisou na areia, começou a ter visões de algumas pessoas em praias, uma por uma fechando os olhos e com um sorriso agradecendo: obrigado, Abel.
Abel se achou por um momento o centro do universo, mas não o salvador do mundo.
Ele então mergulhou no mar. Sendo as águas transparentes, ele vira uma tartaruga grande, baleias, peixes lindos e golfinhos. Vira um surfista que falhou dessa vez se aprofundando, mas o leash se rompera e a prancha se desprendeu, ele então voltou à superfície. Abel também voltara à superfície, a prancha vinha para ele. Então, o solitário surfista disse: Ei Abel, quer surfar? Pode usar minha prancha. “Valeu”, agradeceu Abel, e começou a surfar.
As ondas eram baixas por enquanto. Fazia manobras fáceis no começo, e depois surreais, impossíveis pra ele e qualquer surfista em estado de vigília; a prancha fazia diversos tipos de flips, impossibles e etc. como se fosse skate. No mundo dos sonhos, tudo é possível. “Uhul, é isso aí”, “Demais cara”, expressara o surfista quando ele voltara.
As ondas, entretanto, começaram a serem médias, depois, altas, e surpreendentemente altas. Já aí ele surfou como surfista mesmo, como profissional, lembrando os modos que muito viu em programas de surf num canal de TV a cabo em estado de vigília. Abel muito se emocionava. Era épico.
Abel então achou que era hora de devolver a prancha ao surfista. E flutuando, com os ombros e a cabeça na superfície, e o resto do corpo embaixo. Em seus pés começara a sentir mãos pegando em suas pernas do joelho pra baixo. Sentira medo, tentou nadar até a beira da praia, mas as mãos não o deixavam, até que uma mão maior como de um gigante envolveu uma de suas coxas e o puxou pra baixo. Para onde estava Sara sua namorada, sentada no chão, meio gigante em um lindo jardim. Ela é quem o puxou. Abel por outro lado estava baixinho pra ela, ele sentou num banco e expressou indagando: Eita, Sara? “Sou eu meu lindo”, respondera. “Eu fico menor se quiser” continuou depois. E foi se diminuindo, diminuindo. Exagero. Ficou um pouco maior que uma fada. “Sara, sara, ficastes tão pequenininha, que coisa!” expressou Abel. “Agora sim, vai dar certo” ela disse. Cresceu. Cresceu. Até que deu certo agora.
“Meu amor, me beije com o doce da tua boca”, disse Sara como a noiva de Salomão bíblico. “Claro, meu bem”, responde Abel. E beijam-se por um bom tempo. Depois ficam se olhando face a face. Nos olhos azuis claros dela a pupila mudava de cor: vermelho, verde, azul, e assim ia se mudando até ficar preta de novo e vira então duas menininhas gêmeas lá dentro uma em cada pupila com um pincel na mão. “Puxa, posso ver as meninas de seus olhos se divertindo em você”, disse ele a ela.
 Ele então se experimentou colocando as pontas do dedo médio e polegar nas suas próprias pupilas, e vira dois menininhos “gêmeos” em que um rapidamente pula no polegar para se fundir ao outro se transformando em um. “Olha, o menino dos seus olhos, Abel... parece-se com você.” Ruivinho branco e de olhos verdes. Quanto a Sara, ela é branca e loira, seus olhos azuis claros como já fora dito.
“Vamos fazê-los brincar, a minha menina com o seu garoto?”, perguntou Sara. “Vamos ver”, disse ele com risos suaves. E então as colocara no banco igual de praça que logo se fundiram em uma. E eles brincavam de pega a pega, e os dois jovens assistindo sorrindo.
Depois de tanto brincarem, Sara disse: é hora de eles voltarem aos nossos olhos. “Sim”, respondeu Abel. “Venham seus pingos de gente”, chamou Sara, e os dois voaram se dividindo em quatro voltando aos seus lugares.
Olhou Abel para as mãos de Sara, nelas se formaram asas brancas. “Suas mãos, têm asas”, indicou o jovem. “Elas se formam às vezes, não consigo controla-las, é hora de ir.” “Não, fique”, disse Abel. As asas adejavam. “Gostaria muito”, respondeu Sara. “Mas...”. E asas das mãos as levaram dali.
No jardim então, se ouviu rugidos. Eram leões. Abel teve que correr.
Chegou a uma esplanada, ele tinha que se desviar de dentes caninos gigantes de tigres-dente-de-sabre (ou podem ser conhecidos como smilidons ou esmilodontes) que caíam do céu e fincavam na terra firmemente. No horizonte, ele viu um gigante smilidon, então não podia ser esse rumo que pudera continuar a correr, mas mudou a direção o tigre pré-histórico também mudou de lugar. Mas antes que mudasse de direção de novo, uma espada caíra um pouco longe na sua frente. “Não preciso mais fugir, vou encarar a fera de frente”, falou agora confiante de que podia lutar e vencer, mas com sementes de medo na alma de que poderia morrer. “Vamos ver no que dá”, falou.
Depois de um tempo, bate de frente com o esmilodonte. Luta sofrida, demorada. Vencera quando ele entrou pela boca gigantesca da fera, procurou seu coração no interior do seu corpo, e então furou cinco vezes e matou-o. Herculeamente corta de lá o grande pescoço. Notou que estava sendo filmado por uma pessoa num helicóptero. Outro chegou depois para lhe pegar.
“Venha, Abel, você salvou uma cidade hoje, parabéns você é um herói”.
Depois de muito tempo no alto contemplando paisagens, quando chegou à cidade, vira vários gigantescos dentes caninos que arruinaram prédios e casas, e por um tanto não arrazoara mais aquela localidade.
Aonde ia chegando havia câmeras e repórteres, e aí ele pensou: é pra mim. Ele se levantou no helicóptero e disse: eu não quero ser entrevistado. E então, ele foi até o piloto e disse: deixa comigo. “Tudo bem, senhor Abel”, disse o piloto. Abel estava no controle agora. Mudou o rumo e foi pra qualquer lugar que iria.
No céu, vira ventos esverdeados indo a várias direções, às vezes até batiam no vidro da aeronave.  
Deparou-se lá em cima, depois de três minutos no ar, com um portão de ferro como aqueles de carro em que se é necessário apertar o botão no controle para que se eleve abrindo. Um menininho de repente aparecera; loirinho, que parecia muito ser filho da sua namorada, e disse: aqui, papai, o controle do portão. Abel pensou ser pai e deu um beijo na bochecha do filho e um abraço dizendo: obrigado meu filho. 
Pegou o controle da mão do menino e abriu o portão, quando entrou, parou, fechou o portão, viu que estava no Astra do seu pai e a criança atrás. Saiu do carro e abriu a porta de trás para “seu filho” sair. Quando viu, “seu filho” já estava crescido e adulto. “Ou paizão, já sou grandão já, não precisa dessa gentileza para comigo”, disse o adulto “filho”. Abel sentiu necessidade de se olhar no vidro do carro, ele agora aparentava ter cinquenta anos. E o “filho” trinta. Necessitou se olhar num espelho melhor. Foi para o quarto e se olhou no grande espelho. “Como o tempo passou e eu nem vi”, disse ele. Fora ‘seu filho’, agora aparentando ter oitenta anos no quarto dizendo “pai” maduramente. Quando olha novamente ao espelho é na aparência de cem anos que se enxerga. “Nossa”, disse numa voz rouca e idosa. Passou a mão no rosto descendo na face direita e viu que a velhice naquela região saíra, então decidiu passar em toda a face e no cabelo grisalho. Logo estava o Abel de antes, aparentando a idade de dezessete tendo dezenove anos. Olhou pra o lado, “seu filho” idoso se esvanecia até sumir de vez.
Ouviu um ruído como de montanha-russa.
Abriu a porta que dava no quintal, e não era que havia um trilho que passava os trens de uma montanha-russa lá. “Isso é demais” e contemplava um parque de diversões ao redor do quintal.
Querendo se divertir ele saíra de sua casa, e foi logo em uma montanha-russa. Entrou, e sentou no trem.
Passava o tempo e parecia que não tinha fim. Parecia na verdade para Abel que estava dando a volta no mundo. Acabou vendo a torre Eiffel na França, a torre de pisa e o coliseu na Itália, passou por grandes prédios de Tóquio, Dubai, e Nova York.
O trem então deu uma pausa aonde havia uma caverna. Abel então entrou na caverna, havia algo iluminando uma parede que projetava sombras, tropeçou em um homem sentado que vociferou “Ei”. Conseguiu ver então três homens acorrentados. “Quem prendeu vocês aí?”, indaga Abel “Já nascemos presos, crescemos e nunca saímos daqui”, disse um deles. “Então é hora de vocês conhecerem como é lá fora, perderam muito tempo da vida aqui”, disse Abel tirando as correntes deles.
Levou-os pra fora e expressou um deles: nossa! Outro: mas isso é maravilhoso, disse olhando para a natureza. “Vocês não viram nada”. “Entrem nos carrinhos”. “Eu vou ficar por aqui”. “Há um trem fantasma logo ali, quero me divertir com meus medos”. “Agora eu é que vou ficar um bom tempo no escuro”. “Não tanto como vocês ficaram, mas...” disse tagarelando um pouco.
Quando chegou perto do brinquedo vira que pessoas voltavam desmaiadas nos trens. Tinham até ambulâncias para elas. Abel repensou: será que devo ir? To curioso, porém, o que elas viram que se chegou a esse ponto? Se eu quero saber o que é, eu vou.
Quando se adentrou com o trem no brinquedo, viu que ocorria uma brutal inquisição, uma tortura desgraçada contra pessoas que ele amava. Primeiro com tios e tias. Depois com seus primos e amigos. Em seguida seus avós. Sua irmã, que é dois anos mais velha que ele. A namorada. E finalmente seus pais, que, quando vira uma lança varar a cabeça dos dois sentiu uma forte tontura. Diferentemente de quem ele viu sair do passeio desse brinquedo antes ele não desmaiou. Saiu do vagão angustiado, desolado, caiu com os joelhos no chão e chorou lamentando a morte dos seus amados.
“Não chore meu filho”, disse uma voz, a de seu pai.
Quando ergueu os olhos, vira todos aqueles antes “mortos” no trem fantasma agora alados como anjos sorrindo pra ele. Abel chorara de alegria. “Mas, vocês estão bem, como?” “Morremos filho, agora somos anjos”. “Você vão ficar comigo né?” “Olharemos você, Abel”, disse sua namorada, e continuou: “Mas já você não nos verá mais, se sentirá sozinho, mas estaremos com você sempre, lembre-se sempre disso e deixará de se sentir só”. Abel então pedira: não, voltem, por favor, voltem a ser humanos; preciso sentir vocês no abraço, no beijo, ai, ai, como dói saber que não vai ser assim. “Um dia será meu filho, saiba que a vida é um conto ligeiro, suporte esse tempo com firmeza e logo estará conosco em presença palpável”, disse seu pai.
“Estaremos com você, Abel”, disse sua mãe. Então, se tornaram invisíveis.
Abel prostrou-se.
Um cachorro vira-lata veio lhe lamber. Abel se animou, acariciou o animal e disse: e “ser humaninho”, quer me alegrar, é? O cachorro disse: quero. Vida que segue. Vamos brincar? Você vai esquecer essa dor, rapidinho.
“Ta legal, vamos”, respondeu.
O cachorro correra, sumira um pouco de vista para depois lhe trazer uma bola de capotão furada. Abel pegou e brincou de arremessar e pegar por um bom tempo. Abel sentiu felicidade, e esqueceu “que seus amados morreram”.
De repente, três coiotes se aproximaram do vira-lata cercando-o. Quando então atacam, porém, o cachorro dava um coro nos três que logo fugiram.
“Caramba, tu é forte hein”, exclama Abel.
“Não é a toa que meu nome é Hércules”, disse o cachorro, e continuou: pode vir dez leões que os detono.
E não é que veio. Abel expressou: e boca maldita. Será que consegue mesmo?
E lutou, essa foi mais sofrida, machucou-se nela, mas por fim deixaram os dez leões mortos no chão. Então Hércules mancando expressou: mais vale um cão vivo ferido do que dez leões falecidos.
“Surreal”, disse Abel.
Abel, então se aproximou, pegou o cachorro no colo e disse: precisamos cuidar disso Hércules. E então, levou-o a uma ambulância, o enfermeiro pegou o animal e disse: levaremos a um veterinário, está bem? “Obrigado”, agradeceu o jovem. “Foi um prazer te conhecer”, disse o cachorro a Abel. “O mesmo”, respondeu o rapaz.
Abel andou para trás do parque onde havia deserto e nada, a não ser uma porta. Andou um minuto até chegar nela. Abriu.
Estava agora numa floresta onde havia dinossauros e porcos para eles comerem. Abel olhou pra trás e não havia mais porta, porém, havia outra um pouco mais longe a sua frente. Ele correra, abrira a porta e quase não escapou de um velociraptor.
Abel estava agora em casa, porém ela estava arborizada interiormente, havia até uns macaquinhos com bicos de pato que brincavam lá. Peixes estavam pendurados como frutas, e os “macacos-patos” comiam estes.
Abel pegou cinco peixes da “peixareira” e foi pra cozinha temperá-los. Depois, enquanto fritava comia dois pães com maionese. Quando terminou de comer os pães estavam prontos os peixes, comeu-os também.
Lembrou que perdeu as pessoas que amavam e chorou. Um mico veio lhe trazer um balde dizendo: há de chorar muito, né? E então, as lágrimas caiam e enchiam rapidamente o balde. Um chimpanzé chegou e pegou o balde cheio e disse: faremos magia, há de ter uma surpresa em breve.
Abel não criou expectativa em nada, não imaginava o que fariam.
Dez macacos bonobos chegaram para Abel dizendo: vamos nos divertir na cidade florestal que você fizeste. “Que eu fiz?”, indaga Abel. “Não é você que está sonhando?”, perguntou um. “Mas é claro, isso é um sonho, eu devia saber, tantas coisas surreais aconteceram e eu nem tchum”. “Você também não quer ser onironauta como seus amigos, prefere ter sonhos naturais”, disse um deles. “Sim, prefiro assim”, disse Abel.
“Pois então, vamos lá, pega o seu cipó e viva!”, disse um bonobo. E assim fez Abel e ficou um bom tempo igual macaco como se fosse criado por eles desde pequeno.
O parque de diversões estava quebrado e desativado, pois se propagou a floresta na cidade, muitas árvores e bichos havia lá.
Abel foi à praia. Havia uma arca muito sofisticada, animais desembarcavam dela. Soldados da marinha eram os que estavam operando tudo aquilo. E mais uma arca chegou.
De repente, alguns helicópteros chegaram, eles queriam raptar animais. Foram estúpidos, pois não viram que a Marinha estava ali? Eles então pousavam e tentava pegar os animais. Os soldados de snipers atiravam, porém os raptores estavam armados de snipers também. Um soldado que estava perto de Abel foi morto por um deles. Abel então pegou a sniper que era dele e começou a atirar. Porém, não estavam dando conta, três helicópteros fugiram com animais. Abel então voou com a sniper. Perseguiu até matar os que estavam em três helicópteros. Para esses não caírem, teve então que esticar seus dois braços e trazer dois soldados para cada um ficar em um e salvar a aeronave e os animais, enquanto Abel ficou no comando de um.
Assim, então, Abel pousou um helicóptero e tirou um tigre e dois leões que estavam lá dentro.
Os macacos bonobos chegaram e um deles disse: venha Abel, os magacos já estão prontos para finalizar a magia. Abel conseguiu entender magacos: “Magacos?”. “Sim, haha, mistura de magos com macacos”, “Ah, entendi agora” “Pois então, já está na hora da magia acontecer, só falta você chegar para ele colocar luz e sal nas suas lágrimas”. Abel não indagou como eles colocariam luz no recipiente.
Então, com emoção e diversão Abel ia para casa daquele jeito como se fosse um Tarzan da Disney. Mas, ele perdeu a consciência de sonho lúcido.
Chegando lá, na sala, o chimpanzé perguntara: está preparado? “Estou”, respondera. “Um tanto de sal. Um tanto de luz.”, disse jogando um tanto de sal e uma bola de luz no recipiente.
De repente, saía com esforço e sofrimento do balde, seu pai, depois sua mãe que os abraçaram. Depois seus tios, avós, primos, amigos, irmã e por último sua namorada. “Mas que alegria eu sinto em ter vocês de volta a mim” disse indo abraça-los e beijar a boca de Sara.
A bola de luz então saíra do recipiente, ficou no alto no centro da sala e iluminava intensamente o lugar com um incrível resplendor. Abel sentia regozijo na alma.

Lucas Pestana

Instagram e Facebook: @lucaspestana702

sábado, 18 de agosto de 2018

Anarquia Mental - Sono REM: Seu Corpo em Pedaços


30 de junho de 2018.
[Há um mês Abel foi diagnosticado com esquizofrenia hebefrênica]
[Ele tem 19 anos. Nasceu no dia 26 de Abril de 1999.].
Sono REM: Seu Corpo em Pedaços
        Abel fora ao posto de vacinação para não virar zumbi como os que passavam na televisão da cidade de Nova York na sala de espera. “É o fim do mundo” comenta um senhor e desmaia. “Socorro, aqui!” começou a gritar Abel. O senhor pegou na perna dele e tentou mordê-la, mas Abel dera um chute no rosto que o fez sentir remorso, mas logo vira a aparência dele mudar como de zumbi. Um segurança o conteve.
        “Dê logo minha vacina, vacina-me logo” pedira Abel um tanto desesperado às enfermeiras. E virou um caos. “Aqui, moço, sua vacina” disse a enfermeira com a injeção na mão já pronta para lhe aplicar. Aplicara, mas Abel vocifera baixinho sentindo dor intensa, pois era forte e ardia. Abel sentiu como se seu braço pegasse fogo, então sacudira até esfriar.
Era noite, houve um apagão. Os olhos das pessoas pareciam duas luzes verdes de vagalumes. Voltou-se a luz rapidamente.
Mas o cenário agora era de uma dogueria. Os cachorros-quentes latiam, e quando eram mordidos choravam. De repente, as pessoas caíram no chão, e cachorros de verdade saíam de seus ventres.
Abel tentou sair do estabelecimento, mas os cães grunhiam confrontando-o enquanto estava com medo num canto. Sorte que entraram zumbis para matarem os cães. Nisso Abel conseguira escapar habilmente.
Era noite, todavia havia pedreiros trabalhando em uma obra do zero. E mesmo que zumbis fossem tentar fazer algo contra eles, estavam armados; então matavam e trabalhavam quando por momentos eram livres de zumbis. Abel observava isso, e como se fosse invisível não lhe era feito algum mal por algum zumbi, e rápida e surrealmente fora construído um luxuoso prédio de 50 andares. Abel decidiu entrar. Pegou um elevador de vidro transparente que dava para ver as pessoas que já trabalhavam em escritórios.
Um homem aguardava o elevador em que Abel estava. Ele saíra para o homem entrar. “Rubrique essa folhas e assine” disse um senhor para Abel. “Antes preciso ler” e contrato estava escrito o seguinte:
CONTRATO DE COMODATO DE AUTOMÓVEL
Comodante: Rafael dos Anjos, nacionalidade: Celestial, estado civil: solteiro, profissão: médico angelical, portador da cédula de identidade RG nº 0435777, e CPF: 555733, residente e domiciliado na rua: Nova Jerusalém, Bairro: Cristo Redentor, CEP: 17702-210, cidade: Moradas São Pedro, estado: Bom Mestre.
Comodatário: Abel Santos Monteiro, nacionalidade: Brasileiro, estado civil: solteiro, profissão: escultor, portador da cédula de identidade RG nº195056 e CPF: 16P715M, residente e domiciliado na rua: 4 de Abril, número: 23, bairro: Centro, CEP: 16566-115, cidade: Marília, estado: São Paulo.
Pelo futuro contrato de comodato de automóvel, têm justo e contratado o seguinte:
DO OBJETO DO CONTRATO
Cláudio 1º: pega logo esse carro, está no estacionamento do prédio, é o único lá.

Olhou Abel ao redor e tudo estava vazio, e agora com as luzes apagadas, era dia e nublado, dando um sentimento de local fantasma.
Pegou então o elevador, e foi para o estacionamento. Lá estava uma BMW branca com asas grandes de anjo recolhidas. “Ta legal”, disse ele contemplando o objeto com grande prazer, agora ansioso para sair de lá e voar com isso. “Preciso de chave”, disse a si mesmo, mas a porta se abrira e as asas começaram a se adejar.
Saíra com o carro atropelando zumbis até que voou e sobrevoou a cidade.
De repente, via um prédio em chamas, e pessoas se suicidando. Ele então quisera evitar mais suicídios. Encontrou uma mulher na janela, abrira a porta do carona e gritou: “Entre”, e ela se adentrou. “Dá pra salvar mais três” pensou. E continuou até achar dois, convidou-os e eles entraram. E mais um, que já estava caindo, abrira a porta, acelerou o voo para pega-lo com o carro na vertical. E aconteceu que entrou o homem caindo fazendo os outros dois que amorteceram a queda por um tempo de amassarem, mas logo voltaram ao normal. “Obrigado cara, por nos salvar”, disse o que estava no meio no banco de trás. “Foi um prazer”, responde Abel.
Uma chama pegou nas asas do carro, de repente tudo se mexia de uma forma que dava medo. Abel tinha que saber pousar, e para alívio de todos conseguiu. A mulher lhe deu um breve beijo, pois de súbito estava em uma cama de hotel (no sonho), sua namorada (Sara) do lado olhava para ele. “Você sonhou, Abel. E eu assisti tudo. Não gostei da última coisa que fez, embora me orgulhe das outras”. “Ela roubou meu beijo”. “Eu sei, por isso rapidamente te transportei para aqui com o meu controle” (Ela mostrava um controle sofisticado na sua mão). “Vai me controlar agora? Você não é assim,” brincou Abel. “Pois hoje estou... Ai, vai lá. Vive seu sonho.” E ela apertou um botão em direção ao rosto de Abel.
Agora Abel estava consciente de que sonhava, porém isso vai durar por pouco tempo.
Estava agora num arraial de festa junina em uma escola. Alguns meninos começaram a brincar perto dele atirando bombinhas que estrondavam forte. “Vou comprar umas dessas”, e foi em uma barraca, depois bebeu um quentão.
Achou que iria assustar a quadrilha com aquelas bombinhas intensas, mas nada. Começou então a sair de cena.
No portão, dois caras (inimigos da vida) para lhe aborrecer. “Mas ora só, se divertindo muito? Pulou muita fogueira aí?” pergunta um. “Chamando atenção com a sua psicose? Pergunta outro. “Você nos deu muita alegria com o seu surto, sabia? Vamos escarnecer quando se internar”. “Você são vermes”, respondeu Abel a eles.
Consciente de que era sonho, dera-lhe um soco na face de um que caiu ao longe no chão. Recebera um chute do outro, mas agarrou a perna no golpe e atirou no portão de uma casa do outro lado da rua. Pegara as pequenas bombas intensas do bolso e atirou neles, explodindo-os pra valer.
Mas nessa hora, com o barulho forte das explosões perdera a consciência de sonho lúcido.
Fora para uma taberna. Comprou um vinho. Um homem trombara nele sem querer e derrubara a garrafa de vinho no chão quebrando-a, e aí Abel lamenta. “Foi mal” disse o homem, “Vem, vamos tomar champanhe, os fogos já vão começar”.
E explodira no céu os rojões e desenharam-se no alto os fogos de artifício. Abel pegou um copo e tomou seu champanhe depois de brindar feliz ano novo com o homem desconhecido. “Era pra eu estar com minha família agora”, pensou. Todos na taberna estavam agora muitíssimos ébrios, menos Abel que estranhava tudo. Como dragões os bêbedos erguiam suas cabeças para o alto e jorravam fogo. A taberna se incendiou, e Abel teve que escapar ligeiramente.
Observava do outro lado da rua a taberna em chamas. Os ébrios com asas de dragões e soltando fogo sobrevoavam o local que chamejava. Logo se dispersaram em várias direções. Um saci de duas pernas se aproximou, e expressou: “Eita, que fogaréu é esse rapá!”. “Então” respondeu Abel. “Fuma um cachimbinho aí?” “Não, obrigado.” “Vai, fuma, é do bom” “Ta legal, dá aqui”. (Observação: Abel não usa drogas ilícitas em estado de vigília). Deu três tragos. De repente, o saci pulava com uma perna só. “Ei, cadê sua outra perna?” “Ta doidão? Eu sou saci, não tenho duas pernas”. “Essa droga lucida?” O saci riu, logo ele riu também.
Chovera rápido. Apagara-se o incêndio e algumas luzes dos postes, deixando tudo mais escuro.
Depois da chuva, Abel contemplou juntamente com o saci: ovelhas e carneiros de lá fosforescentes passando na rua. As ovelhas pulavam portões e muros para se adentrarem em casas. Algumas voltavam, pois cães pulavam o muro para correr atrás das coitadas. Porém, os carneiros com seus chifres impetuosamente investiam contra os cachorros ferozes jogando-os nas paredes que se rachavam bem matando os canídeos.
Abel pulou o muro que uma ovelha pulou para investigar o que acontecia. Descobriu que ela ia para o quarto de um homem que estava aflito com as mãos na cabeça mexendo os dedos no coro bagunçando os cabelos. Viu que ela pulou na cabeça do homem sumindo dando então paz, e o notou dormir tranquilo. Abel sentia uma paz também. Fechou os olhos estava agora deitado num campo de cordeirinhos. Via um pastor de ovelhas com um cajado vestido como Jesus, e que, no lugar de se ver um rosto se via resplendor. “Venha Abel, vamos a águas tranquilas”.
Caminhando Abel viu ao longe um lobo o observando e sentiu certo pavor. Mas quando entrou no rio sentiu sua alma se refrigerar, e olhando para o pastor se sentiu protegido.
Quando fechou os olhos e abriu, uma escada dava para o céu. Subia. Subia. Até chegar ao resplendor. Começou a sentir o Espírito Santo no coração. “Não está na hora, Abel”, disse uma voz, “É preciso terminar sua aventura na Terra.”

(Sonhando) Agora, estava ele na cozinha de sua casa, o fogo que cozinhava as comidas era verde. O seu pai chegou e lhe deu um abraço e perguntou: “Onde você passou o Réveillon? Feliz ano novo meu filho.” E respondera: “Feliz ano novo pai. Numa taberna aí, não sei por que não estava com vocês”. “Se divertiu?” “Foi bem divertido, sim”. “Almoçar. Vamos? Chame a família lá fora.” Foi e chamou.
A mesa estava bem espaçosa (no sonho), sentou-se bastante gente. A sua namorada, sentada, mostrou o controle a Abel. Tomou consciência do sonho de novo, e disse a sua namorada: “Vem amor, agora você vem comigo”. E na sala: “Antes de fazermos qualquer coisa anormal quero lhe beijar”, então a beija por muito. Partiu depois com ela de casa. Havia dois bois parados na rua, com selas para cavalgar. “E cabeça, hein”, brincou Sara, pois foi a mente inconsciente de Abel que fizera isso. Deram seus pulos surreais e sem esforço para se assentarem nos touros. “Aonde vamos?” pergunta Sara. “To sem criatividade. Por aí.” E por aí foram. Um bom tempo de contemplação de paisagens, casas bonitas, prédios fantásticos, pessoas e tudo o mais. O mais surreal era cavalgar em bois passando por cima de carros macetando-os com força descomunal. Abel sabia que não fazia nada de mal a nenhum humano, sabia que eram projeções. Todo esse tempo de montaria durou quinze minutos de sono REM.
Nesse tempo, porém, Abel perdera a presença de Sara e do touro dela, perdera também a consciência de sonho lúcido, e quando saiu da cavalgadura estava no dorso de uma grande dogue alemão, porém o cachorro relinchava. Um homem, de repente, saiu de um carro e friamente dera um tiro na cabeça do cão gigante. “Ei, como pôde?”, Abel vocifera. “Quer levar um tiro também? Fica na sua”, disse o homem. Pegou então o carro e saiu cantando pneu.
No buraco onde estava o ferimento da bala no cachorro, de repente, saíra seis cobras albinas que ficavam com manchas leves de vermelho por causa do sangue. Abel então acreditou que precisava se distanciar, e nele elas foram. Ele então começou a pisar na cabeça delas até acabarem com todas.
Olhou para trás, era a sua casa com uma pichação escrita “Psicos” no portão branco. Quando decidiu entrar em casa, na sala estavam seis adolescentes carecas e albinos que se apresentaram: “Nós somos os psicos, eu sou Peter, ele o Sérgio, ele o Iago, Carlos, Oliver, e esse Samuel”, disse Peter apontando cada um. “Nós temos poderes psíquicos, e por coincidência ou sorte as iniciais dos nossos nomes formam a palavra PSICOS.” “Hehe, foi sorte Peter, as cobras nos elegeram”, disse Carlos. “E agora viemos nos vingar, assistimos a morte delas e então vamos te dar sofrimento”, disse Oliver. Eles então colocam os dedos indicadores e médios na cabeça fazendo Abel sentir uma vibração ruim e uma paralisia. Abel grita: “Socorro”. “Agora fica aí” disse Sérgio. “Mas que diabos estavam na cabeça de um cachorro?” perguntou ainda estático. “Era uma missão, coisa nossa”, disse Peter. “Que missão mais absurda!”.
A paralisia ia durar cinco minutos, enquanto isso a TV fora ligada sozinha, e ele então teve que assistir um trem andando e chamejando, um avião voando normalmente, mas em chamas. Os noticiários mostravam esses meios de transporte deixando os passageiros que eram na verdade capetinhas alaranjados e sapecas. Um dos repórteres reportando aquilo tremendo de medo, disse: “É, o mundo jaz do maligno”. A TV então fora desligada sozinha, e Abel voltou a se mover. Sentiu ele necessidade de rezar, pois lhe dera uma sensação de ter estourado o apocalipse. Foi pro quarto, fechou a janela, deixou escuro, dobrou os joelhos e orou: “Senhor, tem misericórdia”. Uma voz macabra ouvira: “Acalme-se Abel, não precisa ter medo, é só uma tribulação, não, sim, é uma grande tribulação, mas coragem cara”. “Me salva, Deus”. Ele então vira uma luz estando de olhos fechados. De repente uma paz. Abel olhou para o lado, um anjo. “Graças a Deus”, expressa Abel. O anjo sorriu benigno e fora embora. Mesmo o anjo partindo ele teve um sentimento de livramento que permanecia.
Abriu a porta do quarto, estava agora em uma floresta. O sol iluminava deixando o verde mais belo. Índios passavam e cumprimentavam Abel com acenos de cabeças sorrindo. O jovem passa um minuto caminhando no meio do mato e não vê nada de surreal. Até que nublou o céu de nuvens escarlate, para então chover sangue. “Isso é horrível” disse olhando para suas mãos e seus braços ensanguentados.
Nesse momento, apareceram vampiros que deixando as mãos juntas formando um côncavo bebiam o sangue que caía. Abel sentia pavor, não queria sentir seus dentes em seu pescoço, todavia não precisava se preocupar, havia muito sangue fácil para eles, logo se foram como raios. “Quero sair daqui”, pensou.
Repentinamente estava na garagem de sua casa, o carro de seu pai, um Astra preto estava lá. Pegou o carro e foi dar uma volta na cidade.
Entretanto, após andar umas três casas ao olhar para o alto viu naves extraterrestres vermelhas e brilhantes arrazoando a cidade, exclamou: Senhor do céu!
Os habitantes da cidade saíam de incêndios feitos zumbis em chamas, porém a carcaça. Acelerou até pegar a estrada. Porém, o carro de repente se desmanchou. Correra então para uma colina. Perto estava um anjo que pegara em sua mão o levando ao roxeado céu; fez-se planar ao seu lado. Assistira o anjo atirar boa parte de suas penas para a destruída cidade e realizando um milagre surreal: o de reedificar a cidade requintando em glória e devolvendo as pessoas ao normal. Maravilha-se.
Os aliens deixaram suas naves para pelejar contra esse anjo. Assistira como se estivesse invisível para eles. Abel admirava a força suprema que eles todos tinham!

(Outro cenário) Céu claro.
Lindas pétalas caíam quando Abel estava deitado na grama, quando absurdamente sua namorada (Sara) caíra do céu em cima dele. Sentira o baque se assustando fortemente. Ela pedia: “venha, Abel”.
Foi e ela o levou a um lugar bonito de bela paisagem, dentro de um rio de água um tanto rasa, mas o deixou só, porém. Um belo rio, lindas margens, flores e árvores que tinham olhos humanos, sentia certo medo disso. Contudo, os meigos animais, como coelhos, ovelhas, e esquilos davam um ar de harmonia que o sintonizou num bem-estar.
Estava ele na água, essa de repente começou a ficar melada como melaço, mas sem cor de mel, e sim transparente como água. Tentara sair, não conseguia. Os animais observavam-no ingênuos. Com muito esforço fora pra margem, mas se colara nela e gritou de irritação. Vira um marimbondo pousar e ferroar a água-mel e como uma bexiga cheia de água tudo estoura em molho. O rio normalmente corria agora, e um tubarão por ela passou.

(Outro cenário) Parecia estar num deserto de caatinga. Caminhava. Os ossos e carcaças de gados ganhavam vida, mas mansos só andavam.
O céu escurecia superestrelado. De repente, astros cadentes. No horizonte, a queda da enorme lua e como uma bola de boliche rolava. Claro, teve Abel que correr. Não escapou. Com ela esmagado foi ao céu na sua volta. Observava a linda Terra. Descolou-se dela, e flutuantemente voltava, mas pousou não no deserto, mas em uma praia numa linda ilha. Porém, vultos. E não mais. Regardou; a imagem de um demônio sorrindo. “Misericórdia!”, pensou. Ele se foi pra baixo.
No entanto, tranquilidade vinha; o suficiente para sair da praia e adentrar na mata. Em uma árvore estava acoplado um relógio, abaixo um pequeno buraco. Marcava cinco e vinte e cinco. Um cuco fez cuco e voou. O segundo, o terceiro, e o quarto. O quinto demorou um pouco, e voava como o chamando para segui-lo e avante. E então assim fazia. Monstros bizarros apareciam e o seu parceiro de asas rapidamente num golpe só, os destruíam estilhaçando-os. Até que depois de um bom tempo nisso, do outro lado do paraíso amaldiçoado em que fora bem protegido (por algo tão miúdo, mas poderoso como esse cuco), um caminho que dava a um castelo de cartas gigantes.
Uma ave saracura, muito grande, se assentou e verbalmente ofereceu a ele carona para chegar ao destino das cartas. Pegou. Seu parceiro o cuco ainda fazia aquilo com os monstros indesejados que vez ou outra apareciam.
Finalmente chegou e se perguntou, “por que estou aqui?” Por muito tempo a resposta não vinha, sentira certo tédio, e infantilmente dera um chute na base do castelo e esse desmoronou. AAAHHRG! Ouviu tonalmente forte. Era a de um gigante. Uma carta como se fosse um tapete mágico o levava longe. Mas antes que não pudesse ver, via os quatro cucos golpeando um de cada o gigante, e o quinto no meio da testa o derrubou pra trás.
Era como fim de tarde.
A dama de copas como transporte, e com aqueles símbolos de coração o lembrava de que tinha seu amor. Desejou que ela estivesse com ele. “Seu pedido é uma ordem”, disse a dama como se tivera ouvido seu pensamento.
Ela agora estava ao seu lado, sorri pra ela ao mesmo tempo em que via um brilho como uma estrela se aproximar tocando a carta, e a transformando em um tapete brilhante. Era tão macio. Deitaram para observar o céu rico de estrelas. Abel abraçava Sara, no entanto, de repente, ela se empederniu. Dura. “Amor! Amor! O que aconteceu?” indagou Abel.
O tapete traíra a fizera cair, e ele para socorrê-la saltara e caíra para tentar pegá-la. Todavia, ela caíra antes e como estátua de gesso ela se quebra no chão. Abel lamenta depois que caiu e olha ao redor: suas partes então se movimentavam como se estivesse viva e agonizando. Pega ele a cabeça de Sara. Ela fala: “me beija, Abel. Vai ficar tudo bem”.
Então, ele a beija.

Lucas Pestana

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domingo, 1 de julho de 2018

Hiato



     Horas e horas. Dias e mais dias. As palavras não vêm. Tento e não consigo e vivo esse hiato vazio.
      O relógio passa. Inspiração não vem, e é preciso aceitar esse bloqueio. Às vezes dá medo, voltarei outra vez?
      Tenho que não me importar se inimigos pensam que parei. O livro que demora a sair é motivo de alegria, e o meu fracasso é um sonho pra eles.
      Por um tempo fiquei nessa falta, e essa lacuna foi até que uma inspiração. Publicarei esse quase vazio. E se depois desse ainda houver mais hiatos, minha fé diz que cedo ou tarde voltarei. Compreender que isso acontece, mas eu jamais desistirei.

Lucas Pestana

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sexta-feira, 15 de junho de 2018

Treva Romântica



     Ele não via a hora dormir. Era nos sonhos que eles se encontravam. Com ela também era assim, não via a hora de ir pra cama. No meio da noite seus sonhos se fundem misteriosamente para que vivessem (sonhassem) o “olho do olho”.
      Nuvens estavam no solo. Tranquilo.
      Mas, a rua começou a sua violência: tiros, mortes, estupros.
      Os olhos dela assustados, logo ele a pega na mão e se escondem numa loja de presentes românticos. Contudo, não podia e não havia clima de romance, mas sim de medo e pavor.
      Um grande urso de pelúcia começou a se movimentar, se aproximara para abrir a sua barriga e convidar a se adentrar por ela. Toparam. Parecia ser um portal.
      No outro lado, tudo parecia ser tão infantil. Ele estava uma criança, ela também. Eles começam a brincar numa surreal fusão de infantilidade e maturidade, eram mais crianças que adultos numa sala cheia de brinquedos.
      Ele foi para os carrinhos que surrealmente eram realistas, haviam pequenas pessoas lá dentro, e como se ela fosse menino brincava sorrindo amável pra ele.
      Ela menina adulta teve uma ideia quando viu e ouviu uma boneca que chorava como um bebê de verdade. Brincou de ser mãe e chamou o que seria o pai de mentira de querido, quando se aproxima sorri. Ele deu um beijo leve com os olhos fechados, e quando abrem são dois adolescentes num ginásio que estava havendo um show de Rock.
      Passou-se um tempo curtindo os dois aquele som emocionante, que um cara se aproxima e da em cima dela, no que ele então lhe dá um soco no rosto que o atira até o palco, mais precisamente na bateria estragando a diversão de todo mundo. Todos então se revoltaram e o casal teve que fugir.
      Saíram pelo portão e trancaram com chave.
      Correram até ficarem meio longe e decidiram sem medo olharem pra trás pra ver se ia ficar tudo bem. Mas o portão explodiu, e começaram a ver a transformação de rostos humanos se transformarem em rostos de monstros.
      O tempo estava obscurecendo, e enquanto eram perseguidos, homens de terno apareciam, atiravam e matavam, doando uma arma extra a cada um dos dois. E numa deliciosa psicopatia começaram a matar. Assassinos de ilusões sorriem um tanto diabólicos depois do extermínio e se beijam ardentes.
      No entanto, para o desprazer de ambos, ao se encerrar o beijo, viram que estavam rodeados de espíritos vingativos. E começa o assombro. Não conseguem mais se salvarem, estavam inúteis, o que podiam fazer com aqueles demônios? Cada tiro, cada chute, cada soco eram tudo em vão. Olham um para o outro com expressão de dor. Poderiam ao menos se enlaçar em meio ao tormento. E agora numa escuridão ambos eram afligidos por eles até ela gritar forte: aaaahhhhh!
      O pesadelo acabou assim que ambos cada um em sua casa acordaram suados e opressos.
      Não era hora de pensar nela agora, e nem ela nele. Não era hora de pensar no amor, ou de se preocupar se ambos ainda vão um dia saber aonde o outro mora. Era a hora da misericórdia. Eles precisavam muito se livrar do mal que oprimiam suas cabeças.

Lucas Pestana

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quarta-feira, 6 de junho de 2018

Amada Santa


      O Sol aparecera depois de muitas nuvens brancas, iluminando os olhos castanhos tão claros e o cabelo louro da jovem Teresa que mais ainda então cativava Marcos, um homem bem adulto, viúvo, com seus quarenta anos.
      Louvores se ouviam da catedral, reforçando a santidade intensa da moça que amava a Deus sobre todas as coisas. O homem, no entanto amava ela mais que tudo, ele sabia quem era ela, e pra ele ela tinha mais bondade que Deus. Ela também o amava e desejava que ele fosse seu único homem na vida, ela o conhecia bem, seu primeiro beijo seria com ele, a moça de dezoito queria aqueles lábios até que a morte pudesse os separar.
      Essa moça fazia milagres, com uma caridade profunda que sentia pelos enfermos ela o curou de um câncer no leito de um hospital pelo poder divino.
      Essa santa cativou corações de crianças, adolescentes, homens, mulheres e avançados em idade. Sua fama crescia pelo mundo, era adorada pelos cristãos, pretendida utopicamente por muitos e platonicamente por muitas.
      Marcos tinha a sorte de ter acesso sempre que queria com ela, e queria a todo instante na verdade, mas ele tinha senso e dava suas pausas. Ele a amava extremamente, e não cumpria o mandamento sagrado de amar a Deus sobre todas as coisas.
      – Amo-te mais que Deus.
      Ela decidiu trabalhar essa questão com ele. Marcos já amou a Deus mais que tudo, mas depois que conheceu um de seus anjos ficou assim.
      Foram meses de conversas iluminadas até que esse amor chegou bem perto de ultrapassar o sentimento profundo por ela.
      O conteúdo divino e inspirador que esse homem tinha agora surpreendia Teresa dando ainda mais potência ao amor por ele.
      Foi em uma manhã, na casa na sala de Marcos, quando ele foi buscar um café apaixonado pra ela, ao voltar vê ela morta, a causa ele não sabia, mas seu espírito apenas desencarnou.
      Ele não aceitava, chorava e questionava a Deus.
      Mas ele tinha fé e esperança, pensava: talvez eu consiga, eu não, Deus, posso O convencer. Se ele lhe devolver a vida serei tão grato, mais que isso, eu o amarei mais que tudo, como não ser assim se é ela a minha felicidade?
      Levou ela para sua cama larga de viúvo.
      Ele então clamava a Deus de todo o coração, com toda a angústia que sentia.
      Foram horas buscando o milagre, até o anoitecer, que suas forças se esgotaram, um sono veio, e ao lado dela ele dormiu. A lua forte clareava o quarto.
      Sonhos estranhos e esquecíveis ele teve, até chegar a esse cenário:
      Dentro da igreja, penas iluminadas flutuavam no ambiente. Ela toda de branco, com asas de anjo, se aproxima de Marcos, e o abraça com doçura, suas alas o envolviam. Ela coloca a mão cálida direita no rosto dele e diz:
      – Obrigada. Tua fé me dera a chance de te dar o meu e receber todo esse seu maravilhoso amor.
      Ela em seus lábios o beija, fazendo-o acordar.
      Marcos decidiu cerrar os olhos novamente. Ela ainda o beijava.

Lucas Pestana

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segunda-feira, 4 de junho de 2018

Nova Era


Nova Era

     Calmo estava o dia para Abel e sua mulher. O homem brincava com a tranquilidade na cama cômoda, diversão com seus devaneios:
    Sua linda esposa o beijando. O filho que não tinham chorando. Um navio naufragando, e ele super-herói.
    Acaba a calmaria e vem tribulação. Ele e sua mulher eram apenas duas vítimas, cada um com uma arma apontada na cabeça.
    As joias milionárias no cofre logo estavam nas malas dos doze vilões.
    Escárnio nojento e aproveitador de uma mulher violenta que não se aguenta e faz um grande corte no rosto da madama indefesa que grita de dor. E Abel vocifera:
– Hei!
    Bandido:
– Vai fazer o que? Quer morrer? Fica quieto aí.
    Ela chorava muito. Abel consola:
    – Calma amor, eles saindo eu te levo ao hospital – E foi assim.
    Os bandidos ficaram ricos tendo um olimpo de trevas, vivendo vazios de alma até o fim. Depois do olimpo o sheol.
    A mulher ficou com uma marca no rosto. E depois da alta médica viviam suas vidas, desapegados e consolados.
    Esse lindo casal tinham o mais essencial. Eles que eram poderosos em material, eram fortes espirituais.
    Eles que tinham um Céu na Terra, na caridade faziam pequenos paraísos a muitos.
    Ela agora num dia calmo estava na cama a devanear:
    O toque amoroso do seu esposo. O riso do filho que não tinham ainda. Praia, sua família, e a harmonia de pessoas felizes.
    Desperta e se relaciona com seu homem.
    A semente de um anjo foi colocada nela através do ato sagrado do amor, e dentro dela se evoluía.
    Uma porcentagem enorme de paz foi derramada a Terra, pessoas estavam mais humanas agora, houve um mudar psicológico na mente das gentes.
    O filho nasceu e cresceu, rindo e chorando, mas com a sorte de uma era mais pacífica.
    Foram tantas as viagens da família em um mundo novo e maravilhoso.
    E foi num dia, numa praia, que o jovem encontrou a sua moça.
    Sua mãe vive e vê tudo aquilo com a recordação que teve há muito tempo: de um simples devaneio similar tal sólida realidade.

Lucas Pestana

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segunda-feira, 28 de maio de 2018

Horas de Escuridão


      Madrugada silenciosa. Quietude no meu quarto.
Mas, uma mente barulhenta; inconsciente um turbilhão, consciência em depressão.
Tranquilidade é suplicada a Deus. Paz é pedida.
Nessa hora, pensamento é inferno. O desejo é do céu.
Peço um dia melhor amanhã.
A morte da vigília acontece para que a ressurreição aconteça depois.
Nas fases do sono sinto a consolação de sonhos felizes.
Hora de matar o sono com a energia que em mim se encheu.
Acordo renascido para viver um dia de vida e luz, sabendo que os tempos são incertos, não sabendo quando e se virão mais horas de escuridão.

Lucas Pestana

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